Consultores são muitas vezes rotulados como sendo aqueles que solicitam o seu relógio para lhe dizer que horas são. Esta frase irônica vem da incredulidade das pessoas em imaginar que um profissional estranho a um ambiente complexo como o de uma organização possa auxiliá-la na resolução de um problema ou no desenvolvimento de um projeto.

Num filme de ficção científica (PILLER, Shawn e BOLE, Cliff. “The Q and the Grey”. In: Star Trek Voyager; season 3; episode 11. Los Angeles, USA: Paramount Pictures, 1996), uma raça não corpórea, muito avançada, convidou uma terráquea norte-americana para conhecer a dimensão onde eles moravam, e ajuda-los a acabar com uma guerra que estava acontecendo naquela região. Ao chegar ao local a representante da raça humana percebeu que estava no cenário da guerra de secessão norte-americana, ocorrida entre 1861 e 1865 entre o norte e o sul do país. Um extraterrestre então explicou que a guerra não acontecia da forma que ela estava vendo; na verdade era feita com armas de energia muito poderosas controladas pelas próprias mentes dos participantes; aquela era a forma que eles encontraram para que ela pudesse ver e entender seus movimentos e tentar ajuda-los a parar com aquele conflito. Ela percebeu então que não importava o quão avançado tecnologicamente fosse o cenário. O que acontecia era o mesmo que ocorre em qualquer guerra: Pessoas poderosas colocando várias vidas em risco para conseguir impor sua filosofia, suas crenças, seus padrões morais e éticos, e seu sistema de vida ao outro lado da desavença, através de um conflito armado. Incentivando a discussão entre as partes sobre um critério justo que conciliasse as diferenças de percepção dos dois lados sobre cada um destes parâmetros, ela conseguiu parar a guerra.

Este filme chama a atenção para duas realidades do mundo em que vivemos, em especial da região empresarial de nosso planeta, chamada comumente de Mercado: Primeiro, a dificuldade de fazer com que as pessoas que não vivem determinadas realidades entendam o que realmente está se passando neste meio. A melhor maneira de fazer isto é encontrar o ponto comum entre a realidade do ambiente com a realidade do interlocutor forasteiro, subindo o nível da discussão para os objetivos e metas, a visão de futuro, os valores morais e éticos, a cultura local e as funções psíquicas que energizam o comportamento dos residentes naquele ambiente. Desta forma, um consultor que detém grande experiência em situações similares anteriores, e que se especializou em entender o Mercado, pode contribuir e muito para a melhoria de uma organização. Não com uma nova receita de como operar este ou aquele processo do negócio, mas como aproveitar o melhor da organização, sincronizando suas principais funções e processos, alinhando as pessoas à sua visão de futuro, e conciliando os interesses pessoais de seus trabalhadores ao objetivo maior da organização:

  1. Fazendo com que as pessoas ultrapassem os interesses pessoais pelo sucesso do trabalho em equipe e da empresa;
  2. Mostrando que o caminho para uma melhor produtividade é aperfeiçoar os processos da empresa, e que a melhor forma de fazer, isto é, conhecer e aplicar as técnicas de trabalho por Projetos;
  3. Auxiliando os gestores a desenvolver uma visão sistêmica da empresa, aumentando suas competências e excedendo suas responsabilidades, hoje limitadas a apenas uma função da organização;
  4. Disponibilizando metodologias voltadas a uma melhor gestão dos processos de negócio, das estratégias corporativas e dos recursos humanos da companhia;
  5. Atuando como mediadores das reuniões onde é definido o direcionamento estratégico da empresa e transferindo tecnologias de gestão empresarial para a organização.

A segunda realidade mostrada no filme é a mentalidade pouco iluminada de quem deseja “dobrar” o outro; impor a outra pessoa, ou a um grupo de pessoas a sua forma de ver o mundo. A palavra empatia na psicanálise significa “estado de espírito no qual uma pessoa se identifica com outra, presumindo sentir o que esta está sentindo”. Parece ser muito mais inteligente e rápido oferecer uma oportunidade ou apresentar um problema à outra pessoa, em seus próprios termos, sob sua própria realidade. Inteligente porque neste caso, quem oferece esta possibilidade aprende novos “idiomas”, novas formas de ver um fenômeno; e rápido porque se desejamos alguma decisão ou ação de um interlocutor fica muito mais rápido para ele decidir ou agir sobre cenários que lhes sejam familiares. Ao contrário do que sucedeu no filme, o consultor é que deveria ser um mestre em falar com os gestores de uma empresa nos termos deles, sob a forma deles de ver o mundo; mesmo que seja para modificar esta forma.

 

Instrutor Walter Gassenferth

Consultor associado da LCM Treinamento Empresarial

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