O poeta cearense Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes, um dos primeiros compositores de MPB do nordeste brasileiro a fazer sucesso nacional em meados dos anos 70, apresentava em sua música “Velha Roupa Colorida” os seguintes versos a respeito do fenômeno das mudanças:

“Você não sente nem vê, mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo;

Que uma nova mudança em breve vai acontecer;

E o que há algum tempo era jovem, novo;

Hoje é antigo, e precisamos todos rejuvenescer”.

As constantes mudanças nas vidas das pessoas acontecem basicamente por quatro grandes motivos:

1) Mudança de hábito das pessoas, em função da moda, do crescimento da população, da ascensão ou descenso de classe social, da mudança no estilo de vida em função do desenvolvimento educacional e cultural de cada indivíduo. Estas são causas sócio-culturais-demográficas da mudança.

2) Políticas de governo incentivando ou desestimulando hábitos de consumo, práticas, produtos, regiões geográficas, profissões, etc. Estas são causas políticas das mudanças.

3) Economia global, que cria certa padronização mundial, além de vínculo entre as economias locais dos países e regiões geográficas. Esta são causas econômicas da mudança.

4) Tecnologias ou metodologias que, em caso de aceitação pela população, cria novos hábitos significativamente diferentes dos vigentes, em muitos casos. Estas são as causas tecnológicas da mudança.

Resistir às mudanças é um exercício fútil, de pouco aprendizado e de muito desgaste com a sociedade. Ao contrário, é importante e de grande tirocínio tentar descobrir os elementos que às compõem: suas oportunidades escondidas; seus riscos potenciais chamados de ameaças, entendendo que ameaças e oportunidades são tendências ocasionadas pelo ambiente externo e não pelo próprio indivíduo, e como tais devem ser capturadas, no caso das oportunidades, e bloqueadas, no caso das ameaças.

A mudança traz um período de instabilidade temporária que assusta as pessoas, mas só com ela é possível avançar a patamares mais interessantes no que diz respeito ao conhecimento, à qualidade de vida, à plenitude mental e ao avanço da sociedade. Contudo, provocar a mudança é melhor que ser atropelado por ela; daí as novas gerações serem as primeiras incentivadoras das maiores mudanças no comportamento, no uso de novas tecnologias, na quebra dos paradigmas políticos e no incentivo aos novos modelos econômicos. Sem a energia, a paixão, e uma certa falta de comprometimento com o estabelecido, que a juventude traz em seu modo de ser e agir, seria impossível patrocinar as grandes mudanças ocorridas até hoje no planeta.

Mas como enfrentar este redemoinho de constantes mudanças? Algumas sugestões podem ser de utilidade neste processo:

  1. a) manter-se atualizado sobre o que acontece no ambiente externo, e que pode levar às mudanças nos curto e médio prazos.
  2. b) ter consciência que a mudança virá e, sendo assim, uma postura positiva para recebe-la faz com que se esteja um passo à frente da onda, gerando a possibilidade de não ser engolido por ela.
  3. c) fazer uma reflexão sobre as ameaças contidas numa mudança e buscar caminhos para bloquear estas ameaças ou para passar por elas de forma mais suave.
  4. d) envolver-se no processo de mudança desde o início para recebe-la aos poucos. Mudanças não acontecem de uma só vez, mas quem resiste a elas e só entra no final da onda, recebe toda a carga de riscos de uma só vez, não conseguindo, por isto, enxergar as oportunidades presentes no novo estado.
  5. e) conscientizar-se das fraquezas que podem comprometer a aceitação da mudança, mas também investir na autoestima para que estas fraquezas sejam perdoadas e reduzidas.
  6. f) concentrar-se na satisfação de capturar uma oportunidade trazida por uma mudança, beneficiando-se deste novo estado, como por exemplo, um melhor relacionamento com as gerações mais novas, aquelas para as quais as mudanças são uma necessidade.
  7. g) crescer como pessoa com o aprendizado de ter enfrentado uma mudança de forma proveitosa e quase indolor.

O passado passou; e o futuro só será alcançado se houver um convívio construtivo com as mudanças no presente. Na mesma música “Velha Roupa Colorida” o compositor Belchior afirma que “No presente a mente, o corpo é diferente; e o passado é uma roupa que não nos serve mais”.

 

Referências:

FERNANDES, Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle. Música Velho Roupa Colorida. Interpretada por Elis Regina. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=Dv6IkNTfOro. Consultado em 27/12/2016.

REVISTA ESTADO ZEN. Como enfrentar e lidar com a mudança na sua vida. In: Artigos do site Estado Zen. Disponível em http://estadozen.com/artigos/como-enfrentar-lidar-com-mudanca-sua-vida. Consultado em 27/12/2015.

 

Instrutor Walter Gassenferth

Consultor associado da LCM Treinamento Empresarial

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