José Datrino, ficou conhecido nas ruas do Rio de Janeiro como o profeta Gentileza, por carregar sempre um estandarte com mensagens de otimismo e fraternidade, pintadas à mão também nas paredes dos viadutos da cidade. Recebeu este apelido depois de consolar familiares das vítimas de um incêndio, ocorrido nos anos 1960. De acordo com um estudo realizado pela Universidade da Carolina do Norte (EUA), emoções positivas, como a generosidade, fortalecem o sistema imunológico e melhoram o funcionamento do nervo vago, um nervo importante do cérebro, responsável, entre outras coisas, por reduzir a pressão arterial e os batimentos cardíacos (GAZETAONLINE, 2013).

A mensagem do profeta deveria ser mais internalizada no comportamento das pessoas, em especial, daquelas que militam horas a fio no ambiente empresarial. A escritora Rosana Braga em seu audiolivro O Poder da Gentileza (2009), pondera que a gentileza também abre portas e não depende da reação positiva do outro. “Ser gentil tem de ser uma escolha pessoal, um entendimento de que podemos fazer a nossa parte”. Há uma cultura organizacional instaurada no planeta (no oriente e no ocidente) que o ambiente de negócios requer pessoas sisudas, estressadas, fatigadas por jornadas estendidas que elas mesmas (e não as empresas) se impõem. Este tipo de atitude é mais comum àqueles profissionais que ocupam ou desejam ocupar postos gerenciais.

Esta cultura necessita ser mudada em prol da maior atração de novos talentos, em especial aqueles das gerações Y e Z, sob pena da inteligência emocional e competitiva estar fora das grandes empresas, entregues às consultorias, e aos profissionais autônomos, até a próxima década. Por que não faz sentido na cabeça de um jovem da geração Y permanecer numa mesma organização por mais de 5 anos? Por que não faz mais sentido para um executivo competente estender sua permanência na empresa que conhece e contribui, se a longevidade das pessoas vem aumentando substancialmente nas últimas décadas? Quando divulgado o censo 2010 do IBGE, o Brasil tinha mais de 24 mil pessoas com mais de um século de vida. A resposta a estas perguntas está na rispidez, na falta de respeito, e na desconsideração das ideias dos mais jovens e dos mais velhos numa organização. Portanto, não é de graça que vivemos um período de depressão na economia mundial. Nem se faz direito o que se fazia no passado, nem são implantadas as novas ideias que conduzem ao futuro desejado. Faz-se mister uma administração mais competente que promova o relacionamento entre todas as gerações presentes hoje no mercado de trabalho, com gentileza e escuta mais ativa.

Do ponto de vista prático, muitas empresas utilizam-se da metodologia conhecida como 6W e 2H para montar seus planos de ação, derivados dos objetivos estratégicos das áreas, visando alcançar a visão de futuro desejada pela organização. Como seria então um plano de ação para aumentar o nível de gentileza dos atuais gerentes workaholics (*), em seu cotidiano empresarial?

(*) Workaholic é uma gíria em inglês que significa alguém viciado em trabalho; um trabalhador compulsivo e dependente do trabalho. As pessoas viciadas em trabalho sempre existiram, porém, esse número está crescendo muito e se tornando um fenômeno em todo o mundo (SIGNIFICADOS, 2016).

WHAT: O que fazer? Aprenda a ter mais empatia, a olhar mais para o outro e a ouvi-lo ativamente.

WHO: Quem é o responsável? Não atribua a responsabilidade a outro. Fulano não faz isto, portanto eu não preciso fazer. O jornalista e teatrólogo Nelson Rodrigues disse certa vez que “Toda unanimidade é burra! ”. Seja um dos primeiros a mudar e colha primeiro os frutos desta mudança.

WHY: Por que fazer isto? Para reforçar a imunidade, acabar com conflitos e melhorar o humor e as relações. Pessoas intolerantes, briguentas e pouco ou nada gentis, geralmente sofrem de enxaqueca, gastrite e ansiedade.

WHERE: Onde vou fazer isto? No ambiente de trabalho, em casa, na rua e, principalmente, no convívio com você mesmo.

WHEN: Qual o prazo para fazer? Comece já, entendendo que a internalização de um hábito pode levar um mês ou dois, se levados a sério.

WITH: Com que recursos e com quais parcerias? Para a doutora em psicologia Kirlla Dornelas, apenas a tentativa de ser gentil faz com que mais pessoas queiram se aproximar; e mais amigos significa mais ajuda em caso de necessidade, e maior network.

HOW MUCH: Qual o investimento necessário? Muito esforço e a convicção de que este plano o levará a ser uma pessoa melhor e um profissional mais desejado pelas boas empresas.

HOW: Detalhamento da ação – Evite julgamentos e ações precipitadas; peça desculpas; pense positivo; valorize o que a situação e o outro têm de bom; respeite as pessoas mesmo as que pensam e agem diferente de você; seja solidário e companheiro; demonstre interesse pelo outro; analise mais situações visando descobrir a raiz dos problemas e alcançar soluções pacíficas e conciliadoras; faça justiça; esforce-se para compreender as diferenças e não para ganhar, pois os conflitos não são jogos ou guerras.

Referências:

BRAGA, Rosana. O Poder da Gentileza. Audiolivro. São Paulo: Audiolivro Editora, 2009.

IBGE. Pirâmide Etária. In: Sinopse do Censo 2010. Disponível em http://vamoscontar.ibge.gov.br/atividades/ensino-fundamental-6-ao-9/49-piramide-etaria.html. Consultado em 21/02/2016.

LACERDA, Renata. O Poder da Gentileza. In: GazetaOnline. Disponível em http://www.gazetaonline.com.br/_conteudo/2013/08/voce_ag/vida/1458555-o-poder-da-gentileza.html. Consultado em: 21/02/2016.

SIGNIFICADOS. Significado de Workaholic. Disponível em http://www.significados.com.br/workaholic/. Consultado em 21/02/2016.

 

Instrutor Walter Gassenferth

Consultor associado da LCM Treinamento Empresarial

 

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