Um artigo da psicóloga Rosemeire Zago, especialista em psicossomática, ciência que integra diversas especialidades da medicina e da psicologia para estudar os efeitos dos fatores sociais e psicológicos sobre os processos orgânicos do corpo, intitulado A Importância do Autoconhecimento, tinha em seu início uma constatação e uma questão: “A autoestima oscila de acordo com as situações e principalmente em como nos sentimos em relação a cada uma delas. Mas o que faz com que algumas pessoas sejam mais seguras de si, mais estáveis emocionalmente, enquanto outras se perdem, se desesperam quando algo acontece?”. Esta questão, embora esteja relacionada com os indivíduos, em verdade preocupa muitos autores da literatura empresarial. Robert E. Quinn et al., em seu livro Competências Gerenciais Princípios e Aplicações (2004) define oito papéis para um gestor e três competências-chave para cada papel. O papel de Mentor tem como sua primeira competência-chave a “compreensão de si mesmo e dos outros”.

Ora, se um gestor tem de ser empático com os seus liderados para entender como incentivá-los a desempenharem um papel mais produtivo, este deverá ter um equilíbrio emocional para também estar motivado a ultrapassar os seus desafios. Voltamos à Rosimeire Zago, que afirma que “o diferencial que faz com que cada um consiga ter controle sob suas emoções é o autoconhecimento”. Harry Palmer, em seu livro Vivendo Deliberadamente (2008), afirma, com relação aos que estudam as pessoas, que “muitos esqueceram que elas são os grandes soberanos, criadores oniscientes de suas próprias vidas” e que “nós criamos possibilidades por nos acreditar dentro delas, e nós dissolvemos limitações por nos experimentar fora delas”.

À luz disto, como um gestor poderá operar de forma plena sem conhecer a si mesmo? Sem este conhecimento, talvez ele seja o primeiro membro da equipe a trazer problemas ao grupo por, inconscientemente, não concordar com os seus próprios planos, sabotando de forma incônscia a almejada vitória sobre os desafios da equipe. Os pilares que deveriam sustenta-lo: observação e poder de análise acurados, movimento e ação inteligentes, e autoconhecimento e compreensão, hoje carecem de uma base forte de sustentação no terceiro pilar.

Autoconhecimento em filosofia, segundo a Stanford Encyclopedia of Philosophy, significa “conhecer o estado mental de alguém, incluindo suas crenças, desejos e sensações”. Hoje, este conhecimento não faz parte das ementas dos programas de desenvolvimento gerencial, nem dos currículos das escolas de administração ou psicologia, pelo menos não como uma disciplina. Contudo, algumas iniciativas das mais diversas áreas, no sentido de criar um ambiente propício ao estudo de si mesmo, começam a permear nossa sociedade, como os grupos do Avatar de Harry Palmer; do Autoconhecimento – O Caminho da Verdade, no Espaço Maçom; do fórum for the discussion of nondualism advaita as taught in the upanishads vedanta, and self-knowledge atma-bodha, do filósofo hindu Adi Shankara.

Entretanto, estes grupos ainda necessitam alcançar um “awarness”, que significa o quanto uma pessoa ou cultura ou sociedade tem percepção de determinado assunto, fenômeno ou objeto, que as permitam transformar estas iniciativas ainda isoladas, por maiores que algumas já sejam, em um esforço mais planetário e coordenado entre estes grupos. Talvez o ambiente empresarial, em especial o nicho gerencial das empresas, possa ser o catalizador da universalização desta necessidade que cada um de nós tem de conhecer nosso maior aliado, e ao mesmo tempo nosso mais implacável predador: Nós mesmos.

Instrutor Walter Gassenferth
Consultor associado da LCM Treinamento Empresarial Ltda

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