No mundo atual, pode ser observado que os profissionais tendem a manter laços cada vez mais fracos com as empresas. À priori, isto não é bom nem ruim. Cada posicionamento, mudança ou evento apresenta ameaças e oportunidades. Cabe entender o porquê dos fenômenos e suas consequências, para tratá-los de forma adequada.

Se as palavras relação, envolvimento e compromisso forem colocadas nos seus infinitivos verbais, e então consultados os seus significados no Aurélio, aparecerão as seguintes informações:

  • Relacionar: Ligar-se; travar conhecimento ou amizade.
  • Envolver: Abranger; importar; seduzir; cativar; prender.
  • Comprometer: Obrigar por compromisso; empenhar; expor a perigo; arriscar; aventurar; assumir responsabilidade.

A partir destas definições, fica claro o grau de profundidade de cada uma destas ações. Relação reflete um primeiro contato, uma curiosidade em conhecer ou entender algo. Um vínculo momentâneo, muitas vezes movido pela empolgação da descoberta. Envolvimento já sugere algo mais profundo e abrangente, como importar-se com o objeto ou sujeito do contato, a ponto de ser seduzido, cativado e preso por ele. O que dizer então de compromisso? Estar obrigado a um relacionamento, se arriscar, se expor ao perigo, assumindo responsabilidades e se empenhando para manter um forte um vínculo. Coisa muito profunda.

Ora, observando o imediatismo com que a sociedade trata seus principais temas e a velocidade com que as instituições, empresas, produtos e organizações passam, fica claro que a tendência de qualquer pessoa é ter dificuldades em aprofundar-se num vínculo.

Equivocadamente, alguns diagnósticos sobre esta tendência falam em “geração sem compromisso”, “juventude imediatista, que não gosta de vestir a camisa da empresa”. Este fenômeno não tem relação direta com as novas gerações, mas sim com os novos tempos. A forma que as pessoas, jovens ou maduras, encontraram para tratar tantos temas, conhecimentos e obrigações que se apresentam no seu dia-a-dia, é abordá-los de maneira pouco profunda. No longo prazo, isto pode trazer um déficit de pessoas que façam a diferença. Aqueles que apaixonadamente inovam, inventam, entendem com profundidade o funcionamento de um equipamento, de um processo, de uma empresa, de uma pessoa, de uma doença, de uma cura, de um modelo, de uma sociedade.

Mas o que fazer para que este efeito indesejável não ocorra? As empresas podem ter um papel relevante no desenvolvimento deste antídoto, composto de dois ingredientes: A sistematização e o registro periódico do conteúdo de suas mentes brilhantes, metodizando e documentando suas práticas, suas descobertas, suas formas de trabalho e suas lições aprendidas; e o desenvolvimento de um compromisso de longo prazo com seus mais caros colaboradores, em bases de motivação consciente, ou seja, investindo no desenvolvimento pessoal de seus “key people” através não só de treinamentos e avanços na carreira, mas, principalmente, no entendimento e consideração de suas crenças e expectativas, antecipando o que o indivíduo aspira em termos de eventos futuros.

Desta forma passa a ser viável um real comprometimento do indivíduo com a organização, evitando assim a erradicação dos vínculos de longo prazo no planeta.

 

Instrutor Walter Gassenferth

Consultor associado da LCM Treinamento Empresarial Ltda 

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