O século XX pode ser considerado como o século da indústria, quando grandes invenções e descobertas científicas iniciadas em meados do século XIX, associadas à expansão da Revolução Industrial, converteram-se em produtos industriais.

À tecnologia aplicada criadora de produtos novos e inovadores, adicionaram-se as técnicas de produção, destacando-se o “fordismo” no início do século, como já comentamos. Em um ambiente de expansão econômica em que surgiam e consolidavam-se novos estratos econômicos da sociedade, nada mais conveniente do que desenvolver-se um binômio processo-produto capaz de entregar produtos essencialmente novos (inovações ou invenções) a preços accessíveis.

Com o aumento significativo da renda e do, consequente, acúmulo de riqueza nas primeiras décadas do século XX nos Estados Unidos da América e o domínio da técnica de produção em massa pela indústria como um todo, foi natural um aumento da competição pela demanda. Não era mais o preço baixo o grande fator de atração da demanda, embora continuasse como fator importante, mas sim a diferenciação, ou seja, atrair consumidores com produtos com características que os diferenciasse assim como a seus compradores.

A evolução natural da interação econômica através do comércio mundial e outros mecanismos de troca assim como a relevância e o protagonismo desempenhados pelos Estados Unidos da América nas duas guerras mundiais, emergindo como potência econômica e militar, fizeram com que técnicas de produção, práticas de comércio e consumo, além dos produtos, americanos se espalhassem pelo mundo.

Economias sem as condições excepcionais da americana, representadas pela disponibilidade de matérias-primas e capital e a abundância de demanda, desenvolveram-se ou adaptaram-se, implementando técnicas de produção compatíveis com as condições sócio-políticas-culturais de suas sociedades, onde destacamos a sociedade japonesa, com seus conceitos primordiais de “adequação ao uso” e “desperdício zero”.

Desenvolvida em uma sociedade culturalmente voltada para a busca pela perfeição e em um ambiente econômico parcimonioso pós-guerra, ao levar seus produtos, feitos e concebidos com desperdício zero e adequados ao uso e com razoável nível tecnológico, para o mundo, a indústria japonesa prosperou sobremaneira, conquistando posições invejáveis em mercados como automóveis, relógios de pulso, máquinas fotográficas, motocicletas e eletrônicos, que conduziram o Japão à uma posição destacada entre as maiores economias do mundo.

Tanto as operações de produção americanas quanto as japonesas, não obstante seu antagonismo no que concerne às percepções da demanda, ensejaram operações de produção híbridas, apresentadas como inovações que, em maior ou menor dimensão, produziram seus efeitos na competitividade e geração de riqueza. O aspecto mais importante deste processo de interação foi o surgimento do conceito de “valor”, complementar ao preço nos produtos da economia.

Os produtos vistos como “adequados ao uso” assumiram uma nova dimensão na preferência dos compradores, sem perder suas características de produção a custos adequados. O conceito tradicional de “posse” que, de certa forma, intui um tempo longo de propriedade, pouca variedade e substituição mais lenta, vem diluindo-se fortemente nas sociedades de consumo modernas, em função de uma série de fatores, tais como: aumento da renda, aumento da velocidade e da quantidade das informações (leia-se internet e redes sociais), e da segmentação dos consumidores em estratos absolutamente novos, constituídos de agrupamentos em torno da opção sexual, religião, idade, etnias, dentre outras, exigindo perspectivas múltiplas de inovação com o aumento da frequência e da sutileza nas propostas de um novo produto, além de alterar as percepções de “caro” e “barato”.

 

Instrutor Ruy da Costa Quintans

Consultor associado da LCM Treinamento Empresarial

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