A estrutura organizacional em níveis de poder, herança da visão mecanicista que caracterizou a era industrial criou uma separação entre as pessoas no ambiente de trabalho e, principalmente, entre as pessoas e o trabalho.

Esta estrutura fragmentada da organização reflete-se, inconscientemente, no comportamento das pessoas, levando-as a agir como seres isolados e insatisfeitos.

O que hoje vemos acontecer na prática das organizações é a valorização da ação e da responsabilidade individual pelo resultado do trabalho que é coletivo, existindo por parte dos membros da equipe dificuldade em entender a totalidade e a união e, consequentemente, a importância da interação com o próximo.

Frase do tipo “ já fiz a minha parte” é exemplo dessa mentalidade dissociativa. Como consequência, percebe-se a criação de ilhas de competências, como representado na figura abaixo.

Em muitas organizações a troca de informações sobre experiências, conhecimentos e habilidades encontra barreiras hierárquicas e barreiras funcionais. A máxima “informação é poder” ainda reflete a valorização da hierarquia e a comunicação deficiente por meio dos diversos níveis.

Além dos problemas provenientes da divisão em níveis de poder, as organizações enfrentam também a dificuldade com a divisão em setores de especialização. A consequência é a ineficácia organizacional.

Torna-se assim importante criar um novo paradigma para as organizações que pressupõe troca, participação, rede de relações, aprendizagem individual e coletiva, favorecendo a conexão afetiva e intelectual entre as pessoas, tornando o trabalho um veículo de satisfação e uma oportunidade para a realização e crescimento pessoal.

“Todo homem considera os limites do seu campo de visão como os limites do mundo”

Arthur Schopenhauer

COMO CRIAR UM NOVO PARADIGMA GERENCIAL?

O primeiro passo consiste em lidar com a necessidade de rever e mudar a maneira de pensar, agir, comunicar, inter-relacionar-se e de criar novos significados para o seu trabalho e para o seu papel como gestor de pessoas.

Mudar envolve o indivíduo e seu meio e o maior obstáculo à mudança está dentro de nós mesmos, na forma de perceber o mundo à nossa volta, quer como ameaça ou oportunidade.

Assim, torna-se importante compreender como se forma a percepção e como ela determina a maneira como vemos as coisas, situações, ambientes e pessoas.

Cada um de nós tem em nossas mentes muitos e muitos mapas, que podem ser divididos em duas categorias principais: mapas do modo como as coisas são, ou da realidade, e mapas do modo como as coisas deveriam ser, ou de valores. Interpretamos todas as nossas experiências a partir desses mapas mentais.  Raramente questionamos sua exatidão, com frequência nem percebemos que os utilizamos. Apenas assumimos que a maneira como vemos as coisas equivale ao modo como elas realmente são ou deveriam ser.

Nossas atitudes e comportamentos derivam destes pressupostos, denominados paradigmas. A maneira como percebemos o mundo reflete-se na nossa forma de pensar e agir. Estes paradigmas são, portanto, a nossa fonte de atitudes e comportamentos.

Paradigmas são padrões psicológicos, modelos ou mapas mentais que usamos para navegar na vida. Podem ser valiosos, se usados adequadamente, ou podem se tornar perigosos se os tomarmos como verdades absolutas e deixarmos que eles filtrem as novas informações e as mudanças que acontecem ao correr da vida.

Quanto mais nos conscientizamos de nossos paradigmas, mapas ou pressupostos básicos e do quanto somos influenciados por eles, mais podemos examiná-los, testá-los em confronto com a realidade, ouvir a opinião dos outros e nos abrirmos para outros conceitos, obtendo deste modo um quadro mais amplo da realidade que nos cerca.

Começamos a perceber então que se quisermos alterar uma situação, é necessário primeiro mudar a nós mesmos e para mudar efetivamente nosso modo de ser, é preciso alterar nossa percepção.

Contudo, quer nos levem a direções positivas ou negativas, quer sejam instantâneas ou fruto de um longo processo as mudanças de paradigma nos conduzem de uma visão de mundo a outra. E estas mudanças promovem transformações significativas. Nossos paradigmas, corretos ou incorretos, são a fonte dos comportamentos e atitudes e, portanto, de nosso relacionamento com os outros.

Um salto qualitativo somente pode ser realizado em nossas vidas quando passamos a trabalhar nas raízes, nos paradigmas que determinam nossa conduta.

Assim, as organizações que desejarem alterar seu modelo de gestão necessitarão rever suas crenças e valores, pois, mesmo que não estejam visíveis em quadrinhos espalhados pelas paredes da organização são percebidos e seus efeitos são sentidos por todos à medida em que transparecem na forma como as pessoas se comunicam e confraternizam, como se dá a relação de poder, como tomam decisões ou as adiam, nas palavras que fazem parte do vocabulário para caracterizar ou caricaturar situações do cotidiano, enfim, refletem-se no cotidiano da organização.

Podemos até mesmo perceber os valores da organização através dos aspectos materiais de sua cultura como a distribuição de espaços e layout dos setores, formas como as pessoas se vestem, arquitetura dos prédios, elevadores e locais de alimentação e de estacionamento reservados ou não, além de outra série de sinais e símbolos que caracterizam uma cultura.

As transformações que se fazem necessárias às organizações exigem flexibilidade e consciência tanto por parte dos líderes como dos seguidores.

Instrutora Vera Lúcia Cavalcante

Consultora associada da LCM Treinamento Empresarial Ltda

NEWSLETTER

Receba as novidades da LCM Treinamentos