Você está aguardando notícias na sala de espera do hospital, ansioso para saber como foi a cirurgia de um ente querido. A demora aumenta a ansiedade, a cabeça começa a fantasiar uma série de possibilidades… E eis que surge o médico para falar com a família. Antes mesmo que ele “abra a boca”, a expressão do seu rosto já nos tranquiliza ou nos desespera: ela antecipa e reflete de modo seguro o que ele vai nos dizer!

O estudo das expressões faciais é bastante antigo. Charles Darwin, aquele da Teoria da Seleção Natural, também se dedicou ao estudo das expressões relacionadas às emoções. Foi um estudo pouco valorizado na época, lançado na Inglaterra em 1872. Recentemente, porém, foi relançado nos Estados Unidos e teve sua primeira edição em português aqui no Brasil: A expressão das emoções nos animais e no homem. Nesse livro, Darwin argumenta que todos os seres humanos e até mesmo outros animais expressam emoções por meio de comportamentos muito similares. Para chegar a essa conclusão, Darwin utilizou seis diferentes fontes de informação: a observação das crianças, a dos doentes mentais, as fotografias que o médico Guillaume Duchenne, famoso neurologista francês, obteve de seus estudos de galvanização de músculos faciais, os trabalhos dos grandes mestres da pintura e da escultura, o estudo das expressões emocionais em diferentes raças e, finalmente, a expressão das emoções nos animais mais comuns.

Para Darwin, a emoção tinha uma história evolutiva que poderia ser rastreada através de culturas e espécies. Mais tarde, Paul Ekman, um psicólogo norte americano, desenvolveu e aprimorou esses estudos e publicou o livro referência nessa área, A linguagem das emoções. Segundo ele, independentemente da cultura, há seis emoções universais: raiva, medo, surpresa, nojo, alegria e tristeza. E todos as demonstram da mesma forma, no mundo inteiro, o que nos permite identificá-las no outro com altíssimas chances de acerto! Assim, nossa expressão é parte muito importante na nossa comunicação, nos contatos que estabelecemos com os outros, e merece a nossa atenção.

O nosso rosto é visto pelo nosso interlocutor a partir de dois planos: o plano superior, da ponta do nariz para cima, onde os olhos têm a maior carga expressiva, e o plano inferior, da ponta do nariz pra baixo, onde a boca é responsável pela maior carga de expressão. É interessante que a gente passe para as pessoas a impressão de harmonia nesse conjunto.

Quais são erros muito comuns? Por exemplo, quando estamos inseguros em relação a situação de comunicação, a tendência é articularmos menos, com a boca mais fechada. Quando isso acontece, a parte de baixo do rosto perde expressão, e essa desarmonia chama muito a atenção. Quando nos sentimos tensos, preocupados excessivamente, é comum franzirmos a testa, apertando os olhos; nesse momento, é clara a percepção de que estamos desconfortáveis com a situação. Quando assustados, a tendência é arregalarmos os olhos, e por aí vai.

Então, é fundamental que a gente leve em conta como estamos nos sentindo em cada situação para, a partir dessa consciência, relaxarmos a testa e os olhos quando for preciso, capricharmos na movimentação da boca para harmonizarmos o conjunto… E, principalmente, buscarmos desenvolver uma face com músculos flexíveis, que respondam facilmente para, na hora importante, SENTIRMOS efetivamente aquilo que queremos transmitir. Essa é a mágica da comunicação. E é esse sentimento que impacta o nosso interlocutor.

Instrutor Carlos Alberto Motta

Consultor associado da LCM Treinamento Empresarial Ltda 

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