Um conjunto de pessoas trabalhando juntas é apenas um conjunto de pessoas. Para que se torne uma equipe, é preciso que haja um elemento de identidade, elemento de natureza simbólica que una as pessoas, estando elas fisicamente próximas ou não. Nesse caso, são conhecidas como equipes virtuais.

Como Alberto Trope[1] nos lembra, a tecnologia da informação permite a formação de equipes virtuais por meio de, por exemplo, redes de computadores, videoconferências, computação móvel, workgroup computing. Redes de computadores é uma designação que engloba qualquer sistema interconectante de centros de processamento e terminais. Videoconferências são reuniões com pessoas que se encontram em locais diferentes; utilizam imagens em movimento e efeitos sonoros. Computação móvel é aquela que permite processar informações em equipamentos portáteis conectados a redes ligadas remotamente. Workgroup computing é um conjunto de software que se destina a auxiliar o trabalho em grupo.

A tecnologia da informação permite a formação de estruturas em rede, nas quais a informação pode fluir em todas as direções, mitigando os pontos de estrangulamento da tão conhecida estrutura piramidal.

O elemento de identidade, que une as pessoas, está revelado nas normas, nos processos, nos objetivos, na situação, na causa. A identidade irradia um valor. Charles Handy, ao explicitar seu pensamento sobre o funcionamento de grupos, esclarece com um exemplo:
“Uma dúzia de indivíduos num bar, por obra do acaso, não é um grupo, embora possam esses indivíduos estar interagindo (conversando), ter um objetivo comum (beber e socializar-se) e ter consciência uns dos outros. Mas coloquemos essas mesmas pessoas numa situação de emergência – por exemplo, tomadas de surpresa, por um incêndio no bar – então, aquela coleção de pessoas, formadas ao acaso, irá tornar-se um grupo, começará a ter alguma identidade coletiva. (…) Objetivos comuns, critérios definidos de associação, hierarquias predeterminadas não são suficientes sem esta percepção (de ver-se como membro de um grupo) por parte dos membros.”

Veja que não se trata de homogeneizar todo mundo. Trata-se de integrar as diferenças individuais num todo que, embora preservando-as, é maior do que elas.

Há um estudo muito interessante sobre o funcionamento de grupos, que foi desenvolvido por Bion, psicólogo inglês. Ele diz que quando um grupo se reúne constitui simultaneamente dois grupos simbólicos: grupo de trabalho ou refinado e grupo primitivo. O grupo refinado valoriza a experiência e a aprendizagem e possui elementos de ordem, de organização. Está disposto a reformular suas regras e aberto para aprender. Predominantemente, está voltado para a tarefa que tem de ser realizada.

O grupo primitivo é, basicamente, impermeável à experiência e, se esta mostra que o grupo está errado, o grupo argumenta que a experiência é que está errada. Esse grupo odeia aprender, porque isto significa pôr em cheque muitas de suas pressuposições e comportamentos.

Um grupo refinado pode, de um momento para o outro, comportar-se primitivamente. Por exemplo: quando uma companhia de aviação chama os passageiros para embarque e, a despeito dos assentos marcados, as pessoas disputam o portão de entrada; quando as pessoas em uma reunião social, conversando polidamente, são convidadas a servir-se e disputam o acesso aos pratos. A passagem do grupo refinado para o primitivo tende a surgir em situações de alguma ameaça. Por exemplo: não poder colocar a valise de mão no compartimento da aeronave bem próximo a seu assento, ou ver seu prato preferido acabar antes que você tenha tido acesso a ele.

Para você, uma equipe traduz-se como um grupo refinado ou um grupo primitivo?

Se respondeu que uma equipe traduz-se como um grupo refinado, concordo com você. Mas aqui para nós, nem sempre. Somos humanos, lembre-se; portanto, existe em cada um de nós as características do que constitui um grupo primitivo. O segredo é buscarmos sempre aprender o que caracteriza um grupo refinado.

Instrutora Celisa Gonçalves

Consultora associada da LCM Treinamento Empresarial Ltda

[1] Alberto Torpe. Organização Virtual – impactos do teleteatro nas organizações, Rio de Janeiro: Qualitymark, 1998.

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