Muitas pessoas lidam com um conceito, aplicam uma frase, utilizam instrumentos, sem sequer saber o que são e para que servem! Duvidam? Um freezer é uma dispensa para alimentos perecíveis, por isto ele é grande e com muitas gavetas: serve para armazenar carne, leite, pão, feijão pronto separado em porções nos Tupperwares para toda a semana; não é um congelador, não serve para colocar sorvete e tentar servi-lo no jantar, pois só vai-se conseguir quebrar a colher ao tentar servi-lo. Muitos ditos populares são erroneamente utilizados: “Hoje é Domingo pé de cachimbo…”, o correto é “Hoje é Domingo, pede cachimbo…”; ou “Esse menino parece que tem bicho carpinteiro”, quando o correto é “Esse menino parece que tem bicho no corpo inteiro”; ou ainda “Batatinha quando nasce, esparrama pelo chão”, o certo é ”Batatinha quando nasce, espalha a rama (folhagem) pelo chão”. George Gazale, em seu artigo intitulado “Saúde, um conceito mal entendido” alerta que “Desde que a Organização Mundial de Saúde definiu que Saúde é Bem-Estar estamos presenciando um erro grave de entendimento do conceito que leva muitas pessoas à doença ao invés da saúde. A busca pelo bem-estar ou pelo seu análogo, o prazer, se tornou a filosofia de vida de muita gente”.
No ambiente empresarial não é diferente: muitos conceitos são mal entendidos, e por consequência, mal utilizados; muitas orientações da diretoria são distorcidas e reproduzidas de forma leviana, justificando verdadeiras barbáries da gestão empresarial; muitas metodologias são aplicadas de forma mutilada prejudicando os resultados da organização em vez de melhorá-los. Mas o que fazer para que as competências adquiridas pelos colaboradores da empresa através de treinamentos, práticas ou supervisão orientada sejam bem entendidas e corretamente aplicadas?
O segredo está em duas perguntas que devem ser formal e claramente respondidas quando um conceito é passado, uma orientação é transmitida, ou uma nova ferramenta metodológica é disponibilizada para os colaboradores: “o que é?” e, “para que serve?”. Mesmo em caso de ferramentas sofisticadas o simples entendimento do que ela é, e qual sua finalidade pode evitar graves confusões em seu uso. Senão vejamos:
- Uma Matriz GE-McKinsey (o que é?) é o cruzamento da atratividade de um segmento de mercado com a posição competitiva da empresa controlada, ou seja, o cruzamento da pergunta “vale a pena operar neste segmento?” com a pergunta “quão boa de briga minha empresa vem sendo neste segmento?”. Seu objetivo (para que serve?) é permitir que uma empresa Holding entenda cada uma de suas empresas controladas, dando assim maior precisão aos investimentos nesta controlada;
- Uma Matriz SWOT (o que é?) é o cruzamento das ameaças e oportunidades do mercado, levantadas por outros modelos estratégicos (5 forças de Porter, Modelo OT com a Análise PEST, Sistema de valor), com as forças e fraquezas da companhia descobertas pela análise criteriosa de sua Cadeia de Valor (seus macroprocessos). Seu objetivo (para que serve?) é gerar as estratégias da organização;
- Uma Matriz BCG (o que é?) é o cruzamento da taxa de crescimento do mercado onde se comercializa uma linha de produtos, com a participação relativa de cada um dos produtos da linha neste mercado. Ela serve (para que serve?) para acompanhar o ciclo de vida de um portfólio de produtos de uma empresa, entendendo a hora de lança-los, substituí-los ou retirá-los do mercado.
Mesmo para os mais criativos, que desejam inovar, modificando radical ou incrementalmente a forma de operar deste planeta: criando moda, frases, terminologias, conceitos e ferramentas, é vital que seja conhecido o que são e para que servem os objetos alvos das modificações, inovações ou substituições, melhorando assim a forma de agir, produzir e realizar no planeta. Conhecendo o que é e para que serve uma faca, pode-se inovar em processos propondo as costas de uma colher de sopa para passar manteiga no pão; ou ainda entendendo o que é e para que serve uma colher de chá e uma palheta acessória de máquina café, pode-se propor uma faca de cozinha pequena como melhor instrumento para diluir o açúcar numa xícara.
Instrutor Walter Gassenferth
Consultor associado da LCM Treinamento Empresarial