As pessoas têm a correta noção de que a palavra Ameaça está relacionada a algo externo a elas; contudo, tendem a acreditar que Oportunidades são dadas por eventos provocados por elas mesmas. Isto é um equívoco que pode levar a uma vida defensiva e de pouco relacionamento com o ambiente externo. Afinal, se tudo o que vier da sociedade for ameaçador, melhor será viver fora dela.

No dicionário, Oportunidade é uma “circunstância adequada ou favorável”; enquanto Circunstância é definida como “uma situação”. Por outro lado, Ameaça é definida como “um indício de coisa desagradável”. Portanto, o significado destas palavras não tem relação com nada interno, nada vindo de nós, mas sim com o ambiente que nos cerca.

Passando para a esfera empresarial, Oportunidades e Ameaças são fatores externos de criação ou destruição de valor, os quais a empresa não pode controlar, mas que emergem da dinâmica competitiva do mercado, ou de fatores demográficos, econômicos, políticos, tecnológicos, sociais e legais.

Muitas vezes, quando um grupo de pessoas está reunido na empresa para definir os seus rumos através de um planejamento estratégico, na fase de levantamento das informações de mercado, aparecem coisas como: “há uma Oportunidade aqui de desenvolver uma parceria com tal fornecedor” ou “temos uma Oportunidade de desenvolver uma nova linha de produtos”. Estas duas frases estão equivocadas, pois Oportunidades são situações geradas pelo mercado. Muito possivelmente a Oportunidade que se apresenta no segundo caso é “um levantamento com potenciais clientes, revelou uma demanda por um tipo de produto que não temos em nossa linha”; esta Oportunidade que vem de fora da empresa deve ser aproveitada por uma estratégia, que poderia ser “desenvolver uma nova linha de produtos”. No primeiro caso, possivelmente existe uma fraqueza dentro da empresa, que pode ser compensada com uma parceria com determinado fornecedor. Daí, “promover esta parceria” deveria ser uma estratégia da empresa.

O entendimento equivocado do conceito de Oportunidade leva as empresas a abandonar ações ou diretrizes que seriam cruciais para o seu planejamento e ao seu sucesso no mercado. Por outro lado, o sentimento de que o mercado só nos traz ameaças, cega as empresas para as oportunidades que o ambiente externo apresenta. Uma forma simples de evitar que esta falha de julgamento atrapalhe um levantamento de informações mercadológicas é a utilização do modelo das cinco forças definidas por Michael Porter, mais a força dos órgãos reguladores do segmento onde a empresa atua. Seis questões simples devem ser feitas para que um rol de Oportunidades e Ameaças reais seja explicitado:

  • Qual o grau de rivalidade entre os concorrentes deste segmento? Nesta dimensão, é examinada a atividade e agressividade dos concorrentes diretos, segundo alguns sintomas de alto grau de rivalidade: Existência de muitos competidores iguais em tamanho, existência de um líder em custo no segmento, lento crescimento da indústria, pouca diferenciação de produtos/serviços, custos fixos são altos ou o produto é perecível, competidores tem estratégias, origens, e personalidades similares.
  • Qual a possibilidade da entrada de novos players neste mercado? A ameaça da entrada de novos participantes depende das barreiras existentes contra sua entrada. Portanto, estas possíveis barreiras devem ser estudadas. Barreiras tais como: Economias de escala, patentes, identidade da marca, necessidades de capital, acesso aos canais de distribuição, política governamental, baixa rentabilidade do negócio.
  • Qual o poder de barganha dos meus fornecedores com minha empresa? Deve-se verificar se existem muitos potenciais fornecedores ou somente alguns poucos; ou se existe monopólio.
  • Qual o poder de barganha dos meus clientes com minha empresa? Deve-se verificar se os compradores podem influir em grandes variações nos volumes dos produtos ou serviços comercializados.
  • Que produtos podem substituir o meu? Estes representam aqueles que não são os mesmos produtos que o seu, mas atendem à mesma necessidade do seu cliente.
  • Em que os órgãos reguladores podem destruir ou agregar valor ao meu negócio?

A partir deste estudo, Oportunidades mais apropriadas e Ameaças mais preocupantes podem ser antecipadas, para que estratégias de captura das Oportunidades e bloqueio às Ameaças possam ser geradas pelo Grupo de Planejamento Estratégico da organização.

Instrutor Antônio Carlos Pacheco Ribeiro

Consultor associado da LCM Treinamento Empresarial Ltda 

NEWSLETTER

Receba as novidades da LCM Treinamentos