Comunidades práticas – Grupos de pessoas que se reúnem em espaços virtuais e/ou presenciais a fim de compartilhar ideias, encontrar soluções e inovar, unindo seus esforços para o desenvolvimento contínuo de uma área de conhecimento especializado. As pessoas colaboram e aprendem umas com as outras, cara a cara e/ou de forma virtual, e se mantêm unidas por um objetivo comum e o desejo de compartilhar experiências, conhecimentos e melhores práticas dentro de um tema ou disciplina.

Cresce cada vez mais a existência de Comunidades de Prática (CdP) em todo o mundo. Embora o fenômeno tenha vários anos de estudo nos EUA, Austrália e Canadá, vem se expandindo de maneira acelerada nos países da Europa e da América do Sul.

Na Colômbia, por exemplo, o Grupo de estudo sobre comunidades virtuais realiza pesquisas sobre o funcionamento de várias CdP nas áreas da saúde e da educação.

Os trabalhos demonstram que a experiência sobre as CdP é muito diversificada. Em alguns casos, entretanto, serviram para gerar alianças; para explicitar e expandir o conhecimento.

Em outros os resultados foram mais baixos e a comunidade não mostrou o dinamismo esperado. Isso depende em grande medida daqueles que a integram, qual a atitude mostrada, quais são os temas e interesse deles, qual é a atitude da liderança diante da participação, quão capaz é a coordenação para disparar o entusiasmo e manter a vivacidade. Nos casos de CdP virtuais, um dos fatores-chave é o fácil acesso à internet pelos membros.

Várias CdP foram criadas para diferentes fins. Por exemplo, a Comarca Bilbao é um exemplo de comunidade de prática profissional. Outro exemplo é a Idea CopPlatform criada como uma rede de comunidades profissionais das administrações públicas locais do Reino Unido.

Nelas, as pessoas que trabalham nas administrações locais utilizam a Web 2.0 para compartilhar recursos e conhecimentos. Os benefícios são muitos:

  • Economiza-se tempo;
  • Todos os profissionais estão atualizados sobre os progressos ou novos projetos que funcionam;
  • Evita-se a duplicação de trabalho; e
  • Também criam-se redes de relações informais.

Outro exemplo é a plataforma Comunidade de Prática em Desenvolvimento Curricular organizada por especialistas curriculares dos países membros para discutir e aplicar questões relacionadas a mudanças curriculares a fim de implementar as metas da Educação para Todos (EPT).

Foi criada em julho de 2005 pelo International Bureau of Education (IBE) da UNESCO juntamente com especialistas curriculares de diferentes regiões do mundo como um espaço para compartilhar visões, abordagens, experiências e resultados de pesquisas e estudos analíticos sobre as mudanças curriculares entre os membros dos países. Também teve como objetivo empreender programas e projetos relacionados à construção institucional de capacidades.

Teamworks é a plataforma corporativa de colaboração e intercâmbio desenvolvida pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) para todo o sistema das Nações Unidas. Foi lançada no início de 2010 e, até o momento, conta com 12.000 usuários.

Um dos propósitos da Teamworks é proporcionar espaços de comunidades de prática interagenciais e com parceiros externos para a implementação de projetos, discussões temáticas, consultas, etc.

As CdP Regionais do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) puseram em prática uma variedade de estratégias virtuais para promover o intercâmbio de experiências e práticas de desenvolvimento. Foram desenvolvidas Feiras Virtuais de Boas Práticas, concursos de experiências, convite de pessoas externas à organização para dialogar sobre temas de interesse ou encontros por conferências virtuais com diferentes propósitos.

1) Ferramentas para gerenciar Comunidades de Prática

Existem numerosas ferramentas para gerenciar comunidades de prática virtuais: fóruns de notícias, fóruns de discussão, glossários, wikis ou chats, para citar algumas. Estas são ferramentas que possibilitam diferentes modalidades de comunicação e participação. Portanto, seu uso depende do objetivo tanto da comunidade quanto das tarefas específicas que se vão realizando. Aqui nos referimos a três dentre as mais usadas:

  • Wiki – Permite a criação de um documento (como um texto) colaborativo que pode ser editado por vários usuários. Um usuário inicia um texto e outro pode editar, apagar ou modificá-lo de forma interativa, fácil e rápida (google drive permite isso).
  • Chats – Esta é uma ferramenta de comunicação síncrona, isto é, para que duas ou mais pessoas possam comunicar-se no mesmo momento, de forma simultânea. Tem a vantagem de ser “em tempo real” e pode se dar por meio de texto, áudio ou vídeo.
  • Fóruns de notícias – São usados para publicar notícias ou novidades importantes para a vida da comunidade, mas não estão abertos à discussão. São uma via de informação “unilateral“, mais que um meio de intercâmbio. Deferenciam-se, pois, dos fóruns de discussão que desenvolveremos a seguir.

2) Fórum

Vamos nos ocupar, agora, do Fórum como uma ferramenta de comunicação assincrônica, um espaço onde todos podem ver o que todos fazem, embora não de forma simultânea.

O fórum é um lugar de interação e, consequentemente, de desenvolvimento da aprendizagem onde os membros da CdP participam ativamente na discussão e no intercâmbio de ideias.

O fórum existe para que aqueles que estão envolvidos dialoguem em torno de um tema de seu interesse. Durante este diálogo, é importante que se produzam questionamentos; que alguns perguntem, que outros respondam, e que outros levantem dúvidas sobre as ideias quando as contrastam com a sua própria experiência.

Vários estudos e pesquisas, como os de PALLOF e PRATT (2002) e LOPES (2007), reafirmam o anterior dizendo que, quando ocorre o debate, são gerados processos de reflexão e de contratação de ideias que melhorem as aprendizagens. O debate promove a argumentação, sendo esta capacidade a base para o desenvolvimento da colaboração entre os participantes de uma comunidade (DAMIANOVIC, 2011).

Assim, o fórum virtual, por ser um gênero que é marcado pelo diálogo e que privilegia o debate, contribui para uma forma de construção do conhecimento que não está centrada apenas no papel do professor (ou moderador) e, portanto, é chamado de “conhecimento colaborativo” (CORTES, 2011). Para esta autora, o fórum apresenta várias vantagens em relação à comunicação em uma CdP:

  • Favorece uma maior reflexão e investigação antes do envio;
  • Possibilita mais organização do conteúdo e da forma do texto a ser enviado;
  • Exige expressão precisa e clara das ideias;
  • Permite aprofundar ideias e conceitos;
  • Facilita a prática consciente de diferentes funções cognitivas, tais como: observar, identificar, relacionar, comparar, analisar, inferir, sintetizar, divergir, discordar, generalizar, entre outros;
  • Possibilita o registro do processo de construção do conhecimento; e
  • Possibilita uma mediação mais direcionada por parte do professor.

Instrutor José Nazareno Morais

Consultor associado da LCM Treinamento Empresarial Ltda

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