Não existe fórmula mágica para essa tarefa, pois são muitos os fatores que determinam a palavra que deve ser usada e em que situação. Por exemplo: (1) o significado literal e dicionarizado; (2) o contexto sociocultural em que se insere o texto; (3) o público a ser atingido; (4) as expectativas do leitor quanto ao texto; (5) os objetivos determinados para a ação comunicativa; (6) o propósito ideológico que move o redator na produção do texto; (7) o gênero textual. Na hora de escolher a palavra exata, esses fatores pesam muito.

Aqui vão alguns conselhos que podem ajudá-lo nessa tarefa.

Primeiro conselho: Na maioria das vezes, o contexto determina a escolha da melhor palavra. Por exemplo:

  • Mariana Cruz Alta realizou um dos seus sonhos mais íntimos: posou nua / despida / pelada para a revista Playboy.

NUA instaura na frase um tom sensual, erótico. Se a escolhida for PELADA, ficaria flagrante a intenção do redator em criticar a modelo por expor, despudoradamente, seu corpo nas páginas da revista masculina. O emprego de DESPIDA faz desaparecer tanto o tom sensual e erótico, presente em NUA, como o pejorativo, contido em PELADA. A frase passa a revelar um tom neutro, imparcial. Ou seja: são três contextos distintos. E, da escolha de um deles, dependerá a definição da melhor palavra.

egundo conselho: Em textos opinativos, persuasivos, argumentativos, é comum fatores ideológicos[1] influenciarem a escolha da palavra. Por exemplo:

  • O MST invadiu / ocupou a Fazenda Dois Irmãos.

Nos dicionários, os sentidos registrados são:

Invadiu[2]: “penetrar num determinado lugar e ocupá-lo pela força; apoderar-se, tomar, conquistar; ocupar um lugar de forma maciça e abusiva”.

Ocupar[3]: “preencher; encontrar-se em (um espaço); instalar-se em (um território) ”.

INVADIR caracteriza como ilegal e imoral a ação do MST e, por isso, deve ser condenada pela Justiça e deplorada pela sociedade. OCUPAR é também ato ilegal, mas moralmente justificável. Afinal, o que o MST busca com a ocupação é apressar a reforma agrária – sempre emperrada pela burocracia dos órgãos governamentais e pelo interesse dos grandes latifúndios – em busca de soluções efetivas para as desigualdades sociais.

São duas formas diferentes de interpretar o mesmo contexto, cada uma com um viés ideológico distinto. Portanto, o que vai definir a escolha de uma das duas palavras é a forma como o redator interpreta a ação do MST.

Terceiro conselho: Algumas palavras nasceram com uma sina: só devem ser empregadas num determinado significado. Ou melhor: o uso consagrou apenas um significado para o vocábulo. Toda vez que o leitor se depara com esse tipo de palavra – não importa o contexto – sempre as associa ao sentido consagrado. Usá-las com sentido diferente – mesmo que esteja dicionarizado – é forçar o emprego, e esse descuido pode gerar dificuldade no entendimento da frase. Dois exemplos:

  • A cozinheira botou os ovos na geladeira.
  • A aparição da testemunha provocou confusão dentro da delegacia.

Quarto conselho: Algumas palavras se associam a contextos positivos ou a negativos. Por exemplo:

  • Fumar, ingerir alimentos gordurosos e não praticar regularmente exercícios físicos aumenta o risco de infarte.
  • Praticar regularmente exercícios físicos, não fumar e não ingerir alimentos gordurosos aumenta a chance de uma vida mais saudável.

 

 

Instrutor Carlos Alberto Motta

Consultor associado da LCM Treinamento Empresarial Ltda

[1] Conjunto de convicções filosóficas, sociais, políticas, etc. de um indivíduo ou grupo de indivíduos. (Houaiss).

[2] Dicionário da Língua Portuguesa (Caldas Aulete).

[3] Dicionário Eletrônico Aurélio.

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