Quanto mais específicas forem as palavras, mais claras ficam as ideias. O emprego da palavra exata é requisito fundamental para obter clareza, objetividade e, sobretudo, precisão de sentido. No entanto, a busca da tal palavra exata dá muito trabalho, pois exige paciência, pesquisa, concentração e muita leitura. Consultar dicionários e obras especializadas faz parte da rotina de todo profissional que pretenda escrever bem.
Quem escreve um texto sobre Economia tem de saber distinguir o significado de salário, vencimento, provento, pensão, pro labore, honorário ou subsídio. Não pode confundir balança comercial com balanço de pagamentos. Em um texto sobre política, cai em descrédito quem disser que os deputados vetaram tal projeto. Ou que as lideranças deste ou daquele partido decidiram retirar as respectivas bancadas do plenário. Tropeça também quem desconhece a diferença entre aumento de dez por cento e aumento de dez pontos porcentuais. Ou se afirmar que juiz do STF emitiu parecer favorável em tal caso. E ainda: que o assaltante foi linchado por moradores de rua antes de ser preso pela PM.
Lembre-se de que as palavras são traiçoeiras por natureza e por vocação. Estão sempre dispostas a nos deixar numa tremenda “saia-justa”. Acatar não significa acolher. Tempestivo e intempestivo nada têm a ver com temperamental. Continuidade não é sinônimo de continuação. Há diferenças de sentido entre justificativa e justificação, entre explicação e alegação e entre descoberta e descobrimento. Depredar está longe de ser atirar pedras. Os verbos falar e dizer são ações distintas. A mesma distinção ocorre com ver e olhar. Ou ouvir e escutar. Cassar um mandato ou cassar um mandado são ações bem diferentes, apesar de a diferença na grafia limitar-se a uma única letra.
Enfim, o terreno é escorregadio, e a prática aconselha muito cuidado na hora de escolher a tal da palavra exata.
Vão aqui três conselhos que certamente vão orientá-lo na hora de escolher a tal da palavra exata:
1. Na maioria das vezes, o contexto – ou a intenção do autor – determina a escolha da melhor palavra:
- Juliana Paes realizou um dos seus sonhos mais íntimos: posou nua / despida / pelada para a revista Playboy.
- O MST invadiu / ocupou a Fazenda Dois Irmãos.
2. Algumas palavras ou expressões parece estarem presas a determinadas situações de uso. Usá-las fora desse contexto pode levar o leitor a rir de você:
- A cozinheira botou os ovos na geladeira.
- A aparição da testemunha provocou confusão dentro da Delegacia.
- A coordenação de RH dividiu os 106 candidatos para permitir mais agilidade no processo de avaliação de currículos.
3. Outras tantas palavras estão intimamente associadas a contextos positivos ou negativos:
- Fumar, ingerir alimentos gordurosos e não praticar regularmente exercícios físicos aumenta a chance / o risco de enfarte.
- Praticar regularmente exercícios físicos, não fumar e não ingerir alimentos gordurosos aumenta a chance / o risco de uma vida mais saudável.
Instrutor Carlos Alberto Motta
Consultor associado da LCM Treinamento Empresarial