Kurt Lewin, psicólogo alemão, foi o criador da Teoria de Campo, onde campo é um “conjunto de realidades físicas e psicológicas, em mútua interdependência”. Esse campo pode ser denominado espaço de vida, onde coexistem pessoas (P) e ambiente (E). Lewin propôs que o comportamento humano é função de uma interação entre as pessoas e o ambiente que as cerca: C = f (P, E).

A análise do campo de forças de Lewin é utilizada hoje nas organizações para identificar as forças favoráveis, denominadas impulsionadoras, e as contrárias, chamadas de restritivas, a determinada mudança proposta, estabelecendo assim uma resultante deste encontro de forças opostas. O objetivo desta análise é servir de base para um plano de ação que reduza a intensidade das forças restritivas e que invista nas forças impulsionadoras, visando garantir uma resultante favorável à implementação da mudança proposta.

Há que se ter cuidado no desenvolvimento e implementação deste plano de ação, evitando a geração de mais forças restritivas, quando se deseja criar uma força impulsionadora. Por exemplo: um gerente pode acreditar que consegue melhores resultados informando à sua equipe que não haverá nenhuma folga até que a produtividade aumente. Contudo, a resposta do grupo poderá vir em forma de hostilidade, desconfiança e maior resistência, ocasionando quedas adicionais de produtividade, mesmo com a proibição formal das folgas, o que resultará no efeito inverso ao desejado pelo gerente.

As forças impulsionadoras e restritivas podem vir tanto do ambiente externo quanto de dentro do próprio sujeito da mudança desejada. Um simples exemplo seria uma pessoa que deseja perder peso, o que gera uma mudança em seu físico, passando de um estado de obesidade para outro de corpo mais saudável. Neste caso, as forças impulsionadoras poderiam ser: verão, ameaça à saúde, moda de roupas apertadas, embaraço pelo peso, imagem, vontade de se exercitar, roupas não vestem bem. Por outro lado, as forças restritivas seriam: tendência de família, perda de tempo, falta de interesse, anos de alimentação errada, má informação sobre o tema, falta de recursos para custear a academia. Repare que verão e moda são elementos do ambiente externo, enquanto os outros são referentes à própria pessoa.

Neste caso, um plano com ações para enfraquecer as forças restritivas, bem como para incentivar as forças impulsionadoras deveria ser preparado para garantir uma real mudança no sentido da perda de peso.

Para concluir, pode ser proposto um exercício interessante passando o entendimento das forças de Lewin de conceitual à prático: um gerente autoritário, daqueles que considera pessoas como recursos humanos, se aposenta e fica em seu lugar um jovem, da geração dos Millennials, que quer mudar a ordem das coisas, pois ele considera que seus funcionários deveriam ser tratados como parceiros perseguindo objetivos comuns. Por um lado, as forças restritivas que o antigo gerente deixou foram as seguintes: os empregados devem trabalhar isolados nos cargos; os horários são rigidamente estabelecidos; deve-se ter a máxima preocupação com normas e regras; a figura maior é a do chefe; deve-se ter fidelidade à organização; as tarefas dependem da chefia; os empregados deste setor acabam sendo alienados com relação à organização; a ênfase do trabalho é na especialização; as tarefas são executadas sem críticas; a preocupação é com as diretrizes e com os manuais; as pessoas são tratadas como mão de obra.

Quais seriam as forças impulsionadoras a serem contrapostas a estas restritivas para que o novo gerente consiga a mudança do estado de “pessoas como recursos” para “pessoas como parceiros”?

Pense nisto!

 

Referências:

GRADUS, Consultoria e Treinamentos. O que é análise do campo de força. Disponível em https://www.gradusct.com.br/o-que-e-analise-do-campo-de-forca/. Consultado em 21/10/2019.

LEWIN, Kurt. Teoria de Campo em Ciência Social. Rio de Janeiro: Editora Livraria Pioneira, 1965.

LEWIN, Kurt. Field theory and experiment in social psychology: concepts and methods. Am J Sociol. 1939;44(6):868-96.

PITÁGORAS FACULDADE. Objetivos Organizacionais e Individuais das Pessoas. Slide 26. Disponível em https://slideplayer.com.br/slide/3744846/. Consultado em 21/10/2019.

 

Instrutor Walter Gassenferth

Consultor associado da LCM Treinamento Empresarial

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