Como psicóloga sou uma observadora assídua do comportamento humano, onde eu estiver observo como e porque as pessoas têm certas atitudes. Uma das coisas que mais me fascina é observar as pessoas que estão sempre de bem com a vida, que resolvem seus problemas com tranquilidade com aquele “jogo de cintura” maravilhoso. E percebi que se tem uma coisa que, com certeza, faz muita diferença é a assertividade, pois é uma das principais competências emocionais.

O QUE NÃO É ASSERTIVIDADE

Vamos começar entendo o que são comportamentos não assertivos.

O chefe que vai engolindo tudo o que não gosta até que   consegue abrir a boca e acaba gritando com seus funcionários. O assistente que não consegue dizer a palavra mágica “não”, e faz até o serviço que não é dele. A pessoa que sente o estômago embrulhar quando precisa pedir algum favor a alguém.

E você, consegue ser assertivo? Você é daqueles que até tenta reagir, mas aquela resposta legal só vem à cabeça depois, quando não precisa mais – sofre da síndrome do “ahhh éeee é!!!” Então está faltando um pequeno ajuste no seu comportamento. Falta assertividade!

Você já viu uma pessoa que entra numa situação difícil, mas não conseguiu tomar uma posição clara e, depois, se sentiu decepcionado consigo mesmo? Ok, ele não foi assertivo. Eis outro exemplo do que não é assertividade. Imagine a seguinte cena: você chegou cansado em casa, toca o telefone. É um amigo te convidando para ir num bar. Sua vontade é dizer não, afinal, você está morto, trabalhou o dia todo, mas não quer magoar o amigo. Então, concorda, e sai sem vontade. Você acaba de dizer “sim” ao amigo mas disse “não” para você mesmo. Acabou de perder a chance de ser assertivo. Assertividade é afirmar o seu eu, é afirmar sua autoestima.

Já ouvi muita gente se autodeclarando assertiva, mas na realidade era mesmo muito agressiva. Os que confundem assertividade com agressividade são aquelas pessoas que dizem assim: “Eu sou muito franco, sou sincero, digo mesmo tudo o que penso na cara!”. Essas pessoas não estão percebendo o quanto são agressivas, pensam que estão corretas.

Outras pessoas   nem assumem suas posições, não são autênticas, acham que estão mantendo um bom clima, mas na realidade estão sendo engolidas pelos outros, por puro medo de se afirmar. De tanto medo de serem agressivas, acabam virando paçoca na mão do outro. Ou seja, são passivas e não assertivas.

O QUE É ASSERTIVIDADE

Nossa conversa deve começar pelo entendimento da palavra assertividade. Segundo o dicionário, assertivo é “aquele que declara algo, positivo ou negativo, afirmação que é feita com muita segurança, em cujo teor acredita profundamente”. Assertividade vem de “asserto” que significa afirmação categórica.

Mas, veja bem, afirmar não é acertar! A pessoa assertiva não é aquela que acerta o tempo todo. É aquela que sabe se firmar. É saber dizer “sim” quando quer dizer “sim” e, principalmente dizer “não”, quando quer dizer “não”. Já percebeu quanto a assertividade está fazendo falta hoje?

Na verdade existem 4 tipos de comportamentos: o passivo, o agressivo, o passivo/agressivo e o assertivo.

PASSIVO

Passivo é aquele que engole desaforo. Ele não quer desagradar ao outro, então, foge de conflitos. Se alguém entrar à frente dele na fila, fica torcendo para que a pessoa saia por si só, sem precisar pedir. Deixa que se aproveitem dele. Tem um colega no trabalho com o mesmo nível hierárquico, mas o tal colega teima em dar ordens e o cara que é passivo obedece. Ele costuma usar as frases: “Não quero incomodar. Não vou tomar seu tempo”. Tem a postura encolhida. Culpa a si próprio por tudo, precisa de aprovação, cede facilmente. Até é simpático mas, cá pra nós, é uma simpatia que causa muita angustia interna.

AGRESSIVO

O segundo tipo de comportamento é o agressivo. Esse todo mundo conhece. Ele não pensa duas vezes pra levantar o dedo na cara do outro, pois tem necessidade de dominar. Ele menospreza e deprecia o outro. Furou a fila na frente dele, ele dá um grito que parece que mataram alguém. Se o colega pede pra ele fazer alguma coisa, ele já manda o colega para aquele lugar. É autoritário, intolerante, dono da verdade.

PASSIVO / AGRESSIVO

Agora, o tipo mais curioso. Esse é aquele que consegue ser agressivo na “maciota”. Ele usa a ironia. Ele te agride contando uma piadinha. Ele te irrita, mas diz “só estou brincando”. Esse é aquele que vira para você e fala assim: “Nossa, estou vendo que suas férias foram mesmo muito boas, só que a geladeira não tirou férias”. Esse é o jeitinho “simpático” e passivo/agressivo de te chamar de gordo na sua cara. É o tipo de pessoa que não olha muito para você, vira os olhos, é lacônico, dá indiretas, é sarcástico. E nem percebe que é manipulador. Faz chantagem emocional, distorce as palavras do outro.

ASSERTIVO

Por fim, o comportamento mais adequado é o assertivo. Esse é aquele que quando lhe furam a fila consegue se posicionar e falar com a pessoa com toda tranquilidade e elegância. É aquele que sabe negociar. É transparente pra falar e sabe ouvir. Sabe ouvir críticas sem partir para o ataque pessoal. Tem a postura segura e comedida. Trata as pessoas com respeito. Aceita acordos. Vai direto ao ponto sem ser áspero.

Não digo que as pessoas tenham só um tipo de comportamento. Muitas vezes você foi agressivo com o colega de trabalho, mas acabou sendo passivo em casa. Mas essa flexibilidade só indica que é possível mudar um comportamento que não está valendo a pena. Ou seja, podemos desenvolver assertividade.

Não desenvolver assertividade acaba provocando o pior: você não consegue se sair bem em situações importantes, isso joga sua autoestima lá para baixo. A baixa autoestima gera outro comportamento inadequado, que gera reação negativa nas outras pessoas, que gera uma autodepreciação e novamente o comportamento inadequado. Ou seja, não acaba nunca! O comportamento não assertivo é uma bola de neve que se retroalimenta.

PORQUE É DESEJÁVEL SER ASSERTIVO?

Quanto mais assertivo você for, melhor vai lidar com os confrontos, terá menos estresse, mais confiança em você mesmo, saberá agir com mais tato, melhorará sua credibilidade, saberá lidar com as tentativas de manipulação, chantagem emocional, bajulação, etc.

Enfim, vai se sentir melhor e contribuir para que os outros também se sintam melhor.

Maria Cândida Lins – Psicóloga 

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