O Sistema Toyota de Produção (STP)* e alguns de seus componentes como KANBAN e JUST IN TIME, já há alguns anos, vêm sendo um dos principais, se não o principal, elemento de fundamentação e inspiração de iniciativas gerenciais de aumento de eficiência e de produtividade, em diversos tipos de indústria com diferentes níveis de escala.
O STP ganhou importância a partir da sua capacidade de fazer com que indústrias sobrevivessem e crescessem em situações significativamente adversas. As 3 situações adversas mais emblemáticas, foram:
ECONOMIA JAPONESA NO PÓS-GUERRA
Com as restrições impostas à economia do Japão no pós-guerra (falta de recursos financeiras, estrutura produtiva destruída e falta de oferta de bens das mais diversas naturezas) e suas dificuldades naturais (ausência de matérias primas como minério de ferro e petróleo), a indústria do país confrontou-se com condições de baixa demanda por quantidade e alta demanda por variedade. Nesse cenário, um dos setores do qual foi exigida maior eficiência foi o automobilístico.
CRISE DO PETRÓLEO NO INÍCIO DOS ANOS 1970
Num cenário mundial de baixo crescimento e alta nos custos, a proposta do STP de zero desperdício de insumos de produção, surgiu como alternativa importante de sobrevivência e até de crescimento, principalmente, para a indústria automobilística.
*N.A.: Não é o objetivo estudar o STP e, sim, usá-lo como base em aspectos que julgamos fundamentais que devem ser considerados na sua acepção.
COMPETINDO COM OS PRODUTOS DO OCIDENTE
Em meados dos anos 1980 a indústria japonesa já ocupava espaços importantes nos mercados mundiais de eletrodomésticos, automóveis, relógios de pulso, motocicletas, máquinas fotográficas e filmadoras, entre outros.
Com seu conceito de produtos “adequados ao uso” o efeito sobre a competitividade relativa aos produtos ocidentais, foi avassalador, conduzindo o Japão à segunda maior economia do mundo, então.
A ações, técnicas e métodos gerenciais integrantes do STP, passaram a ser estudadas e copiadas como propostas importantes para o aumento da eficiência e, por consequência, da competitividade.
Entretanto, por razões que vão desde a religião até a sociologia, essas técnicas e métodos precisaram sofrer adaptações e simplificações que, em alguns casos, desconsideraram sua ESSÊNCIA.
Apresentamos abaixo 2 aspectos essenciais do STP, cujo conhecimento e domínio permitirão o emprego mais efetivo e eficaz das técnicas e métodos para melhoria da qualidade, adaptados para o seu negócio.
1º Aspecto Essencial
A aplicação das técnicas e métodos da qualidade, nos moldes do STP, tem como objetivo claro a sobrevivência e o crescimento do “negócio”. O que mantém um negócio vivo e competitivo é sua capacidade de produzir e vender seus produtos, respaldada por seus resultados operacionais e, não por coincidência, econômico-financeiros.
Os “resultados” devem representar objetivamente um determinado desempenho de ações que ocorreram no “passado”. Além da perspectiva óbvia de conquista, atingimento de uma meta (por exemplo), uma perspectiva interessante (e lógica) é a “referência”.
Em outras palavras, atingir uma meta é importante e nos dá um sentimento de satisfação, porém, considerar um resultado como uma referência, nos proporciona uma perspectiva de “melhoria contínua”, a partir de uma base objetiva, propondo de forma permanente o estabelecimento de desafios.
Este 1º ASPECTO ESSENCIAL traduz-se na necessidade de expressarmos o desempenho das operações de uma empresa, em resultados objetivos, se possível sempre traduzidos em números. O resultado final de uma empresa é a soma algébrica dos resultados específicos das etapas de produção.
2º Aspecto Essencial
É a sistematização do processo de melhoria, deve ser feita de forma a torná-lo perene e uma função de todos na organização.
O processo de melhoria, então perenizado, é denominado “melhoria contínua” (KAIZEN), sendo representado esquematicamente como uma escada, demanda a criação de um sistema integrado de verificação de resultados e de padronização.
Instrutor Ruy da Costa Quintans
Consultor associado da LCM Treinamento Empresarial