O termo síndrome de Estocolmo tem origem no assalto realizado em um banco na cidade de Estocolmo onde pessoas foram feitas reféns por aproximadamente seis dias. Estes reféns criaram um estado psicológico em que, a pessoa submetida a um tempo prolongado de intimidação, passa a ter a simpatia e até mesmo sentimento de amor ou amizade ao seu agressor. Passam a ter uma visão distorcida da realidade.
Tomando como base que o refém está dominado e sem meios de escapar, esta forma de agir leva a uma falsa sensação de segurança. Acham que podem ter um tratamento mais piedoso da parte dos intimidadores agindo desta forma. A insegurança quanto ao futuro e os maus tratos a que são submetidos associados a necessidade da sobrevivência, nível mais baixo da pirâmide de Maslow, faz com que as vítimas aceitem e se comportem como na síndrome de Estocolmo. Como caso mais famoso deste tipo de relacionamento podemos citar o de Patty Hearst nos Estados Unidos que, ao ser sequestrada, chegou até a se aliar aos sequestradores e participar de um assalto a banco.
Se olharmos a nossa sociedade, podemos encontrar várias formas veladas nos dias de hoje da síndrome de Estocolmo, embora as pessoas envolvidas não estejam sendo feitas de reféns.
Vejamos algumas delas:
Relacionamentos de casais
A televisão e a internet estão cheias de casos relatados de relacionamentos entre casais que são típicos. As mulheres se submetem a relacionamentos abusivos, aceitando a intimidação violenta, e nutrem sentimento de amor pelo algoz. Algumas até fazem boletim de ocorrência contra seus pares por maus tratos ou agressões constantes. Vivem com receio da violência, mas não abandonam o relacionamento e não se separam. Como consequência extrema algumas chegam a óbito.
Relacionamentos entre chefe e empregado
Relacionamentos abusivos também podem aparecer nas relações chefe e empregado. O chefe assume a personagem do “eu é que mando e faço o que quiser” através de assédios morais ou sexuais sobre os funcionários. Até são geradas desculpas para o comportamento do chefe do tipo “é assim mesmo”, “já me acostumei” ou “é difícil, mas consigo trabalhar”. O medo de perder o emprego permite que se perpetue a relação entre eles. O amor e o ódio seguem juntos, mas contidos pelo fantasma do desemprego.
Relacionamentos do político com o eleitor
Para se eleger o político promete mundos e fundos para todos. A população passa a defende-lo em acaloradas discussões e, crendo na sua boa intenção, vota nele. Sofre uma decepção quando o mesmo assume o cargo. O que prometeu não cumpre, mas na próxima eleição, como precisa do voto para ser eleito, é capaz de voltar na mesma região que fez promessas não cumpridas para de novo enganar a população. O sentimento de traição é esquecido a cada eleição e o eleitor volta a votar e a defender o mesmo candidato que o traiu. A relação se perpetua a cada ciclo de eleição.
Relacionamentos do Estado com a população
A falta de investimento nas necessidades básicas, escola, saúde, educação e saneamento básico, cria uma dependência entre a população e o estado. E se aceitam filas para tratamento de saúde, de escolas sem bons professores, da falta de segurança e de empregos. Mas a população, quando consultada por institutos de pesquisa, considera governos como ótimos ou bons mesmo quando a realidade mostra o contrário.
E se a mídia informa sobre a corrupção com provas concretas, os partidários dos corruptos ficam como que cegos e são incapazes de discernir o que está acontecendo. Consideram todas as desculpas possíveis para os corruptos. Defendem com unhas e dentes o indefensável. Ficam cegos à realidade.
Relacionamentos do traficante com a comunidade
A ausência do estado nas comunidades abre a porta para o traficante ou a milícia. Através do terror e do abuso eles mantem uma população fiel. A fidelidade nasce do medo, dos abusos, dos relatos de atrocidades, das poucas benesses que porventura eles façam. As pessoas reagem a esta intimidação considerando-os até como benfeitores em uma distorção sem limites da situação.
Conclusão
A Síndrome de Estocolmo está presente na sociedade em várias situações, não somente nas situações de sequestro. Cabe ao ser humano reconhecer se está ou tomado por uma síndrome específica e reagir para se curar.
Referência:
Wikipedia; Sindrome de Estocolmo. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADndrome_de_Estocolmo. Consultado em 04/10/2016.
por Ruy Motta