A palavra inovação significa aperfeiçoamento, reforma. A geração de inovação acontece não só na área de produtos, mas também nas áreas de processos, gestão e negócios, sempre apoiadas pelas inovações tecnológicas que são bastante frequentes nos dias de hoje. Por outro lado, inovações sociais são conceitos, estratégias e reorganizações em qualquer área que atenda às necessidades da sociedade, tais como saúde, trabalho, educação, distribuição de renda. Para Joseph Alois Schumpeter, economista austríaco, nascido em Triesch, atualmente pertencente à República Checa, a inovação está intimamente ligada à geração de valor econômico, mas também é ela quem provoca à mudança dos paradigmas socioculturais vigentes. As inovações sociais procuram respostas para os problemas econômicos e sociais e estão ligadas ao bem-estar dos indivíduos ou das comunidades, ou seja, estão relacionadas com a qualidade de vida das pessoas, sua empregabilidade, o consumo de bens e a participação do homem na sociedade civil. Os trabalhos colaborativos via Web, as Ecovilas, a inclusão digital e os Médicos sem Fronteiras são exemplos de inovações sociais.
Mas o que o Brasil vem fazendo no campo das inovações sociais? O Assistente Social, Marcelo Garcia, assessor especial de políticas sociais do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais, em seu site Inovações Sociais (http://www.marcelogarcia.com.br/inovacoessociais.html) lista uma série inovações deste tipo desenvolvidas no Brasil, nas áreas de saúde, educação, trabalho, agricultura, habitação e cidadania. Grande parte destas inovações não vem das áreas empresariais, mas do terceiro setor, utilizando-se para tal de tecnologias sociais, que são produtos, técnicas ou metodologias reaplicáveis, desenvolvidas na interação com a comunidade e que representem efetivas soluções de transformação social. Estas tecnologias podem aliar saber popular, organização social e conhecimento técnico-científico. São exemplos de tecnologia social o clássico soro caseiro e as cisternas de placas pré-moldadas.
Contudo, muitas inovações sociais derivam das inovações tecnológicas, de produtos e de processos geradas pelas empresas, sob a batuta da iniciativa privada. Estas inovações mantêm-se mais ligadas a preocupações de ordem econômica, como competitividade, pressões da demanda e investimento do que às causas sociais. O problema é que não há um processo bem definido para que este desdobramento ocorra de forma síncrona, para a sociedade como um todo. Dentro do grande interesse que as ações sustentáveis e a responsabilidade social despertam hoje nas empresas líderes de mercado, a preocupação com o desenvolvimento de um processo que garanta a transposição de uma inovação tecnológica ou de produto em uma inovação social deveria estar presente nas pautas dos Conselhos de Administração das grandes companhias. Apesar dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) estarem alterando o padrão de apoio à indústria, incorporando medidas de inovação que integrem a política de comércio internacional com a industrial e tecnológica, deveriam também incluir variáveis socioculturais nas avaliações e estudos sobre a implementação da inovação (Maciel, 2002; Albagli & Maciel, 2004).
Em conclusão, a gestão do processo de inovação requer uma forte parceria entre empresas, estado, órgãos de fomento à inovação, universidades, e representantes não governamentais da sociedade civil para que se possa construir um caminho mais seguro, perene e estimulante para as inovações sociais, a partir de outros tipos de inovação.
Instrutor Walter Gassenferth
Consultor associado da LCM Treinamento Empresarial