Por que na modalidade de Ensino A Distância os cursos têm suas durações reduzidas pela metade, ou menos, em comparação ao aplicado de forma presencial? Um depoimento de um professor de escolas de negócios que, em função da redução do número de turmas, resolveu migrar seu portfólio para as Universidades Digitais, tenta explicar este fenômeno.

“Quando fui transferir minha disciplina de planejamento estratégico, nível de pós-graduação, para o mundo digital, entendi que ela necessitaria ser dividida em pequenos pedaços de cerca de 20 minutos para que as aulas não fossem maçantes; e assim o fiz. Comecei a gravar cada pedaço, com muita preocupação de não deixar nenhum conceito ou exemplo ilustrativo de fora do treinamento, nem as paradas para rever o que foi visto na disciplina até então, além da aplicação de um exercício de fixação do conteúdo. Para minha surpresa, ao final da gravação das aulas, percebi que o curso tinha a duração de três horas e meia em vez das 16 horas do curso presencial. Fiquei surpreso! Pensei: devo ter esquecido algum assunto, não citado algum caso que comprove a teoria, ou ainda ter explicado as coisas de forma muito rápida, sem capricho. Nada disto! Tudo estava lá. Então era preciso estudar este fenômeno: aonde vão as 12 horas e meia de um treinamento presencial? Após conversar com meus colegas de profissão e refletir muito sobre minhas aulas presenciais, constatei que:

  • Primeiramente, num EAD os exercícios são feitos offline, ou seja, quando o aluno puder e quiser, e não durante a aula. Como são 4 exercícios (1 por módulo, consumindo-se 45 minutos para fazer o exercício e compartilha-lo entre os grupos de trabalho), só aí, já se economizam 180 minutos (3 horas) de aula num EAD;
  • Em segundo lugar, as boas-vindas, a apresentação do professor, e o contrato de convivência acordado em sala, antes da aula começar, que trata dos tópicos: atender celular fora de sala, como serão entregues os trabalhos, qual a metodologia de elaboração da prova, quais os critérios de correção e aprovação; num EAD tudo isto já está previamente definido e informado ao aluno, não onerando o tempo de aula. Mais uma economia de 30 minutos;
  • Os excessos do professor, dando dois exemplos empresariais para justificar um conceito, quando um só já bastaria, escapulindo do roteiro da aula, ao contar uma situação profissional relacionada com o assunto, e vivida por ele, também são eliminados num EAD, uma vez que a duração dos pedaços (miniaulas) precisa estar em torno dos 20 minutos. Outra economia de 30 minutos;
  • A demora para o início da aula por falta de quórum, a volta atrasada dos coffee-breaks e do almoço, também não acontecem no ambiente virtual. Considerando 10 minutos de atraso para cada situação destas, em um curso de 2 dias (16 horas) temos: 4 coffee-breaks (manhã/tarde do dia 1; manhã/tarde do dia 2), 2 almoços e 2 inícios de dia, totalizando 10 x (4+2+2) = 80 minutos economizados num EAD ou 1 hora e 20 minutos;
  • Na essência de um curso presencial estão as interações durante as explanações do professor, ou seja, a troca de experiências entre os alunos e o próprio professor, que seguramente significa pelo menos 30% do curso, caso contrário, este seria mal avaliado e considerado um curso por demais acadêmico e unidirecional. Como esta interação não existe em um EAD, ou se dá em um encontro virtual específico, fora da aula, economizam-se 288 minutos que é igual a 4 horas e 48 minutos;
  • Por fim, os alunos que atrasam um pouco o ritmo da aula, por falta de experiência prática na matéria, exigindo mais explicações sobre determinados temas de maior complexidade, não existem no EAD, uma vez que uma apostila digital tira suas dúvidas ou uma consulta ao professor por e-mail ou ferramenta similar do sistema de EAD, fora do tempo de aula. Mais 1 hora e 36 minutos de economia que equivalem a 10% do tempo do curso presencial.

Toda esta economia num EAD, oriunda do tratamento de situações e questões fora do horário da aula, totalizam 11 horas e 44 minutos de redução no tempo de aula. Mas para chegar a 12 horas e meia ainda faltam 46 minutos. Aonde eles vão? Os tempos economizados foram levantados de maneira empírica, mas de forma aproximada. Contudo, se forem considerados temas tais como: chamada para controle de frequência, liberações 10 minutinhos mais cedo no final de cada dia, paradas para melhorar a temperatura da sala, eventuais falhas no computador, secretaria, coordenação e monitoria da turma tomando uns minutinhos para passar uma mensagem, dá para encontrar os 46 minutos faltantes.”

A conclusão deste depoimento é que os millennials (gerações Y e Z) conseguem ter a mesma formação das gerações mais antigas do planeta (X e Baby Boomers) em bem menos tempo através dos EAD; e a perda real deles pela falta de interação num treinamento à distância é questionável, uma vez que nas redes sociais que frequentam estão todos os seus possíveis colegas de turma, e mais gente ainda, num ritmo frenético de geração e consumo de informação.

Um antigo provérbio português diz que “Deus manda o frio conforme o cobertor”. Para uma geração que tem muito mais a aprender e uma série de opções de caminho, estes atalhos tecnológicos parecem que vêm bem a calhar.

 

Instrutor Walter Gassenferth

Consultor associado da LCM Treinamento Empresarial

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