Um artigo de Luiz Edmundo Rosa, feito para a edição número 3 da Revista da ESPM, volume 18, ano 17, atribuía ao descompasso da educação, a relevante falta de pessoal qualificado, em todos os níveis estratégicos da empresa. O artigo chegava a citar levantamentos sobre queda nas matrículas da educação básica, evolução dos ingressos no ensino superior e dos formados nos últimos oito anos. Contudo, o que mais chamava a atenção eram as causas da aparente desaceleração no provimento de profissionais para o mercado; e as suas propostas de solução para o problema.
Um dos parágrafos da matéria era dedicado à reflexão: Faz sentido tributar a educação? Mostrando que nos países desenvolvidos só são cobrados impostos dos lucros, mas não da prestação de serviços educacionais, o que evita o aumento dos custos da Educação. Mostrava também que, no Brasil, as bolsas de estudo oferecidas pelas empresas às Universidades também são alvo de tributação, prejudicando a qualificação de muitos jovens, tão necessários ao mercado de trabalho. Outro responsável pelo que o artigo chamou de apagão de talentos é a cultura brasileira, que se acostumou a conviver com a falta de educação e com suas inevitáveis consequências: O desemprego, os serviços ruins, a criminalidade, dentre outros.
Apontando os caminhos para a solução desta carência de profissionais qualificados o artigo apontava para as empresas que através de um conjunto de medidas podem enfrentar o referido apagão. Estas medidas podem ser agrupadas em quatro conjuntos de ações: Tornar-se um melhor empregador, ou seja, ter mais atrativos na empresa para a retenção de talentos; desenvolver uma cultura escola-empresa, que significa trabalhar a educação corporativa em parceria com a universidade; investir no empregado ainda muito jovem, preferencialmente das classes menos favorecidas, flexibilizando inclusive as formas de contratação; e trabalhar de forma mais matricial/processual que verticalizada, criando equipes multifuncionais para atender às principais necessidades da empresa e do mercado.
Como contribuição ao artigo e para que este elenco de ações seja eficaz, algumas recomendações podem ser feitas a partir de outro artigo da mesma edição da revista, de nome Toda Carreira é uma Estratégia a ser Construída, escrito por Paulo Roberto Ferreira da Cunha; e a partir do site Corporate University Xchange (http://www.corpu.com):
- Para ter mais atrativos visando à retenção de talentos, uma política voltada para o apoio à construção da primeira fase da carreira do empregado, ajudando-o a encontrar algo que dê sentido a sua vida profissional; além de maior transparência na relação com o colaborador, entendendo junto com ele que existirão pelo menos três encarnações profissionais em sua carreira, são diferenciais que podem ser oferecidos e explorados pela empresa e seus líderes.
- Para trabalhar uma cultura de educação corporativa continuada e integrada com a universidade, uma boa alternativa é aproximar-se dos conceitos desenvolvidos pela CorpU sobre as organizações que aprendem, através de seus blogs (http://blogs.corpu.com), de seus tópicos de pesquisa(http://corpu.com/research/) e de suas notícias e eventos (http://corpu.com/news/).
- Para investir na descoberta de talentos de forma precoce é recomendável a participação das empresas nas redes sociais como o Linkedin, encarando-as como áreas de descoberta de talentos; bem como o incentivo ao networking de seus gerentes, em especial os de RH, com gerentes de outras organizações que sejam ou não do mesmo segmento da empresa.
- Para o trabalho sob a forma matricial é necessário desenvolver uma visão sistêmica de seus gerentes e profissionais, bem como incentivar a atuação por processo e por projeto, no lugar da atuação por função.
Assim, trabalhando juntos pela mesma causa empresa, escola e profissional, poderão combater esta falta de talentos no mercado, enquanto governo, escolas do ensino fundamental e instituições de ensino superior trabalham pela solução definitiva do problema: Mais vagas e maior qualidade nos bancos escolares.
Instrutor Walter Gassenferth
Consultor associado da LCM Treinamento Empresarial