Organização de qualquer entidade (uma pessoa, um povo, uma empresa, um clube, etc.) é definida como o agrupamento e a ordenação de atividades e recursos, visando o alcance de objetivos e resultados estabelecidos. Organização pessoal é um processo, e como tal é composto por um conjunto de atividades e recursos.
Para se organizar, é preciso esvaziar a cabeça. A neurociência diz que é possível fazer isto transferindo a carga de organizar para o mundo externo: anote tudo em papel ou meio eletrônico. Esta providência limpa o cérebro da desordem e permite que ele se concentre no que realmente é necessário focar.
Para se organizar, é preciso estabelecer prioridades: priorizar um conjunto de atividades é atribuir significado a cada atividade para realizar prioritariamente as de maior relevância, seja na urgência, seja na importância para os objetivos pretendidos;
Para se organizar, é preciso querer e ser diligente neste caminho, evitando desculpas para si próprio. A escritora Thais Godinho (2015), em seu blog Vida Organizada cita algumas desculpas frequentes das pessoas que não conseguem se organizar: não tenho tempo para me organizar; eu me encontro na minha bagunça; eu me organizo, mas depois de um tempo tudo volta a ser como era antes.
Para se organizar, é necessário ter um controle no tempo das atividades que devem ser priorizadas e realizadas naquele dia, semana ou até mesmo mês. Usar um formulário de checklist com uma lista de tarefas ajuda a materializar este controle de forma simples e objetiva.
Para se organizar, é preciso livrar-se de papéis e documentos: ou estes devem ser arquivados diariamente em local apropriado, ou devem ser lidos perto do lixo para que os desnecessários sejam imediatamente descartados.
Para se organizar, é preciso fazer as pazes com a imperfeição. Tentar ser perfeito ao completar uma tarefa é caminho para o estresse e frustração. Aceitar o fato de que nem todas as coisas podem ser feitas de forma brilhante economiza energia para aquilo que realmente importa.
Para se organizar, organize também a bagunça. Se não há tempo para tratar um documento ou algo físico, crie um espaço para estacioná-lo; uma pasta, uma gaveta ou um móvel. Mas visite periodicamente este estacionamento, visado retirar meia dúzia de coisas dele, tratando-as ou descartando-as.
O processo de se organizar não é útil apenas aos indivíduos, mas também às coletividades. Para a sociologia, uma comunidade é grupo de pessoas que se organizam através de um conjunto de normas, vivem no mesmo local, e compartilham a mesma cultura e história. Mas como aplicar o processo de organização pessoal para organizar coletividades?
Em primeiro lugar, uma coletividade deve ter uma administração sólida feita por pessoas experientes e empenhadas. As diversas funções desta administração devem ser distribuídas entre membros do grupo. Devem ser geradas regras e leis para regerem o andamento do grupo, baseadas no conhecimento das expectativas dos indivíduos, e registradas em documentos de controle.
Para organizar uma coletividade, é necessário aumentar o nível de consciência das pessoas sobre a importância e o valor dos objetivos do grupo, bem como disponibilizar ferramentas para alcança-los.
Para organizar uma coletividade, é preciso incentivar as pessoas a ultrapassarem seus interesses pessoais pelo sucesso do trabalho do grupo, expandindo o foco das pessoas, de satisfações menores para a busca da auto realização. Ruy Barbosa dizia “Dilatai a fraternidade cristã, e chegareis das afeições individuais às solidariedades coletivas, da família à nação, da nação à humanidade”.
Para organizar uma coletividade, deve-se ajudar as pessoas a entender a necessidade de mudanças, a partir do comprometimento de cada indivíduo com a grandeza. A grandeza inclui o esforço para a eficácia da coletividade dentro de um padrão ético impecável.
Para organizar uma coletividade, é fundamental investir na comunicação e no relacionamento entre os membros do grupo, através do desenvolvimento da habilidade de conversar e de diferenciar o debate da reflexão. Grupos capazes de refletir mutuamente apresentam um nível de desempenho melhor do que aqueles que apenas debatem suas questões. Não há vitoriosos nas reflexões, mas sim aprendizado mútuo.
Para organizar a coletividade deve-se promover o uso dos fatos e dados, através de indicadores para conclusões e tomadas de decisão. Um indicador mostra as características mensuráveis dos processos, ajudando o grupo a melhorar suas atividades, explorar melhor seus recursos, alavancando assim seus resultados.
Um estudo de um especialista em etnias e inteligência, Richard Lynn (2002), revelou os dez países com os maiores QI (quociente de inteligência) médio:
1º. Coreia do Sul: 106
2º. Japão: 105
3º. Taiwan: 104
4º. Cingapura: 103
5º. Áustria: 102
6º. Alemanha: 102
7º. Itália: 102
8º. Holanda: 102
9º. Suécia: 101
10º. Suíça: 101
Os Estados Unidos aparecem em 23º lugar com 98 pontos, e o Brasil em 44º com um QI médio de 87. Mas o interessante nesta pesquisa é que nos países com mais pessoas com altos quocientes de inteligência, a individualidade não é o destaque, como nos Estados Unidos e no Brasil, mas sim a preocupação com comportamentos que propiciem relações entre os membros de seus grupos, e a importância com o bem-estar coletivo e às metas grupais (FERREIRA, et al., 2006); isto exige um forte investimento na organização da sociedade.
Referências:
FERREIRA, Maria Cristina, ASSMAR, Eveline Maria Leal, SOUTO, Solange de Oliveira, OMAR, Alicia Graziela, DELGADO, Hugo Uribe, GONZÁLEZ, Alberto Terrones, GALÁZ, Mirta Margarita Florez. Individualismo e coletivismo, percepções de justiça e comprometimento em organizações latino-americanas. In: Interamerican Journal of Psychology, v.40 n.1 Porto Alegre, abr. 2006. Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-96902006000100002. Consultado em 14/12/2015.
GODINHO, Thais. Top 10 Desculpas das Pessoas Desorganizadas. In: log Vida Organizada. Disponível em http://vidaorganizada.com/mais/comece/dicas/top-10-desculpas-das-pessoas-desorganizadas/. Consultado em 15/08/2015.
LYNN, Richard e VANHANEN, Tatu. IQ and the Wealth of Nations. Praeger Publishers: USA, 2002.
Instrutor Walter Gassenferth
Consultor associado da LCM Treinamento Empresarial