As organizações cresceram, criando muitos níveis hierárquicos, porque, quando um gestor é responsável por um número muito grande de funcionários, as atividades de controle são afrouxadas. Ou seja, quando a amplitude de um nível gerencial é muito grande, o esforço de coordenação tem de ser bem maior. Por outro lado, quanto mais níveis hierárquicos uma organização tiver, maiores serão os problemas de integração e comunicação.

Diante da elevada carga de tarefas e da comunicação difícil, as organizações muito hierarquizadas perderam o foco em resultados, tornando-se um sistema social complexo com tendência à deterioração. Isso gerou mais custos, que foram repassados aos preços para manter a margem do lucro.

Como o mercado continuava comprando e a empresa ganhando, os custos também continuavam a ser repassados aos preços e os problemas internos não eram resolvidos. Esse ciclo acabou.

Em um mercado competitivo, agir assim é o caminho certo para o fracasso empresarial. E para o gerente também: o profissional orientado para a tarefa trabalha muito, sempre nas mesmas coisas, e nunca tem tempo para desenvolver sua competência, testar novas tecnologias ou visitar outras empresas. Ou seja, não tem oportunidade de inovar e crescer nem faz contatos para buscar um emprego melhor.

As empresas exigem de seus gestores somente aquilo de que precisam para sobreviver e manter o negócio saudável. E isso é pouco, muito pouco, se comparado ao que o desenvolvimento de uma carreira requer de um profissional.

Quando ameaçadas, as organizações acionam seus mecanismos de proteção: corte de níveis, corte de investimentos, terceirização e outros. Algumas até mantêm áreas orientadas para tarefas e outras com foco no futuro. O objetivo é estar estruturada para manter o negócio sempre em desenvolvimento. Todo profissional faz parte de uma estrutura desse tipo, mas, se não estiver atento ao seu crescimento profissional e à sua capacidade de gestão, dará à empresa somente o que ela “pede” e ainda vai reclamar das novas exigências e mudanças. Só quando é “cortado” percebe que o mercado não precisa mais do que ele sabe fazer.

Portanto, um profissional de gestão deve manter-se muito ativo na empresa e também fora dela, prestando um bom serviço à organização e, ao mesmo tempo, garantindo sua posição no mercado. Ter uma carreira de sucesso não é problema da empresa, mas sim do profissional que você é. Quando o desempenho é abaixo do esperado, a organização aciona seus mecanismos de proteção. Sendo assim, a única proteção de um profissional é sua competência. Da mesma forma, estar preparado para lidar com resultados não é uma questão de sua empresa querer ou não. Isso faz parte da sua profissão. Os profissionais que se preocupam com seu desenvolvimento estarão sempre à frente, protegidos pela competência.

Para fazer um autodiagnóstico a respeito de sua competitividade profissional, basta expor-se ao mercado em busca de nova colocação. As perguntas feitas, atualmente, em uma entrevista de seleção são muito diferentes daquelas de cinco anos atrás. Hoje perguntam sobre nossas inexperiências, nossos erros, as inovações que fizemos, como vemos nossos pares, nosso chefe, a equipe. Se as respostas forem dadas com o enfoque antigo, o mercado coloca seu currículo no arquivo morto. Nossa cabeça tem de mudar. E a ênfase nos resultados é a primeira grande mudança.

 Extraído de “Muito Além da Hierarquia”, de Pedro Mandelli.

NEWSLETTER

Receba as novidades da LCM Treinamentos