Muitas vezes vejo definições um tanto equivocadas sobre o modelo SWOT. Para aqueles não iniciados no tema, pode-se dizer que este modelo tem por base as ameaças e oportunidades do mercado com as forças e fraquezas da organização. Divirjo de muitos autores quando eles definem a serventia deste modelo estratégico: O modelo é apresentado com a função de “…fazer análise de cenário (ou análise de ambiente), sendo usado como base para gestão e planeamento estratégico…”. Com isto, até o nome do modelo já mudou para Análise SWOT, e o formato da Matriz também (Ver matriz equivocada na primeira figura deste segmento, que mostra apenas as forças, fraquezas da empresa e as oportunidades e ameaças do mercado).

Para explicitar as ameaças e oportunidades do mercado, Michael Porter sugere em seu livro Estratégia Competitiva, que sejam analisadas cinco forças do segmento onde a empresa atua: O poder de barganha dos fornecedores, o poder de barganha dos clientes, a possibilidade de novos entrantes e a existência ou não de barreiras à entrada deles, os produtos substitutos àqueles da empresa, e o grau de rivalidade entre os competidores daquele Sistema de Valor. Hoje, recomenda-se estudar também uma sexta força: O poder dos órgãos reguladores daquela indústria ou segmento. Este estudo certamente gera insumos para as oportunidades e ameaças do modelo SWOT.

As forças e fraquezas de uma organização estão nos seus processos, considerando que processo é um conjunto articulado de atividades mais os recursos necessários ao seu funcionamento (financeiros, logísticos, tecnológicos, humanos, políticos). O modelo estratégico que estuda estes processos também nos foi apresentado por Michael Porter e chama-se Cadeia de Valor da empresa, que nada mais é que o nível zero do mapa de processos da organização. Este modelo também gera insumos, forças e fraquezas dos processos da organização, que podem e devem ser aproveitados pelo modelo SWOT.

Ora, se já temos as oportunidades e ameaças do mercado e as forças e fraquezas da organização, qual o real produto de um modelo SWOT? O cruzamento produzido pela Matriz SWOT, permite imaginar cenários favoráveis ou desfavoráveis à empresa, propiciando uma grande oportunidade de gerar estratégias ofensivas ou defensivas para capturar oportunidades ou bloquear ameaças, dentro de quatro quadrantes de possibilidades, como nos mostra a correta segunda figura deste segmento: Um quadrante de estratégias para sua manutenção, através do bloqueio de ameaças a partir de suas forças; um quadrante para desenvolver ainda mais a empresa capturando novas oportunidades; um para fazê-la crescer aonde ainda não é forte; e um último, para garantir sua sobrevivência no mercado.

Por exemplo, se um restaurante de luxo vê o seu principal concorrente enfrentar problemas com a ANVISA (oportunidade) e por isto perder seu principal colaborador na cozinha (outra oportunidade); e um dos seus sócios é um renomado chef de cozinha (força), está na hora de utilizar o quadrante de desenvolvimento (ver segunda figura deste segmento) para gerar uma estratégia de aumento da divulgação e propaganda do seu estabelecimento, exaltando seu padrão de qualidade nas refeições e no ambiente, incluindo a cozinha, que poderia até ser visitada pelos seus clientes, antes da escolha de seus pratos.

Portanto, a Matriz SWOT serve para dar suporte à geração das estratégias da empresa, a partir do cruzamento das forças e fraquezas da organização com as oportunidades e ameaças do mercado. Os insumos desta matriz devem ser obtidos em outros modelos estratégicos mais adequados e preparados para gerá-los.

Instrutor Walter Gassenferth

Consultor associado da LCM Treinamento Empresarial Ltda

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