Todos nós possuímos um modelo de linguagem que nos permite interagir com o mundo. Linguagem aqui quer dizer tudo o que utilizamos para representar nossa experiência: imagens, sons, palavras, sensações, sentimentos. Não há como pensar em algo sem usar pelo menos um dos elementos acima.

Por exemplo, se tomarmos a palavra “pipoca”, veremos que ela nos traz a imagem que fazemos de uma ou várias pipocas, talvez a lembrança do sabor e até do som ao mastigá-las.

Todavia, a linguagem não é a experiência, mas uma representação da experiência, assim como um mapa não é o território que representa. Como seres humanos, sempre vivenciaremos somente o mapa, e não o território. Isto quer dizer que nós não reagimos às coisas em si, mas às representações que fazemos delas.

Para exemplificar o que dissemos acima, citaremos os esquimós, que têm cerca de doze palavras para designar neve: neve que cai, neve no chão, neve que serve para construir casas, etc. Para outras pessoas, a neve será sempre a mesma. Mas para os esquimós, o fato de possuírem palavras diferentes para a neve significa que eles são capazes de fazer distinções muito sutis entre os tipos de neve, o que lhes permite agir com maior número de escolhas em seu mundo.

Um outro exemplo seria o de duas pessoas recusadas para uma vaga numa empresa. A primeira representou o fato como decorrente de sua incapacidade, de sua falta de experiência e de sua inadequação ao cargo. A segunda representou o mesmo fato como algo corriqueiro, podendo até ter achado que não foi escolhida por estar superqualificada para o cargo. Nenhuma das duas sabe o real motivo pelo qual foi recusada, mas cada uma delas representou a recusa a seu modo, de acordo com o seu “mapa”, que é produto de experiências, emoções e aprendizagens passadas.

Como pudemos constatar nos dois exemplos, um mapa amplia ou reduz as possibilidades de alguém.

As pessoas formam seus mapas a partir de suas experiências, tanto internas como externas. Sendo assim, se não é possível mudar os fatos, a PNL nos ensina como mudar a experiência subjetiva, a representação que as pessoas têm do mundo e de si mesmas. Isto é possível através do Meta Modelo de Linguagem, que vai reconectar a linguagem à experiência, vai buscar a mensagem oculta, as crenças que existem por trás de palavras e frases.

Retomando o exemplo da recusa para um emprego, imaginemos que a primeira pessoa disse: “Eu fui rejeitada porque sempre fico com medo nessas situações”. Alguém experiente no uso do Meta Modelo de Linguagem perceberia as lacunas existentes na frase, ou seja, há omissões, generalizações e distorções nela que o emissor provavelmente não percebe conscientemente. Para ele, as coisas são da maneira como afirmou e ele talvez não veja como poderiam ser diferentes.

As informações suprimidas poderiam ser recuperadas com perguntas como: “Você tem medo do quê?” “Você sempre fica com medo?” “Em algumas dessas ocasiões você não sentiu medo?” “Então você acredita que se não sentisse medo, não seria recusado?” e assim por diante. À medida em que se vai questionando, vai-se modificando o mapa da outra pessoa, que é obrigada a completá-lo, a preencher suas lacunas, a atualizá-lo. Como consequência, ela passará a ter um outro tipo de representação, que por sua vez a levará a um resultado comportamental diferente.

O Meta Modelo compreende um conjunto de instrumentos com os quais se pode construir uma comunicação melhor. Ele pergunta o que, como e quem, em resposta à comunicação do emissor.

Ao utilizar o Meta Modelo é necessário estar atento às próprias representações internas. Assim, se alguém nos diz: “Meus filhos me aborrecem”, não é possível formar um quadro completo da situação. É necessário perguntar “como”: “Como especificamente seus filhos o aborrecem?” Por outro lado, se assumirmos que conhecemos o significado preciso de “aborrecem”, com base apenas em nossa experiência, então na verdade estaremos encaixando tal pessoa em nosso modelo de mundo, em nosso mapa, esquecendo-nos do mapa dela.

Lembramos que o objetivo do Meta Modelo é reconectar a representação à experiência, o que equivale a dar nome às coisas e fatos.

Ao questionarmos, por exemplo, a palavra “medo”, procuraremos reconectar a palavra (representação) à experiência real de sentir medo. Imaginando que as palavras são como pastas de um imenso arquivo, há pessoas que arquivam na pasta “medo” experiências que seriam melhor arquivadas em outras pastas.

Não se trata de abordar teoricamente e dissociadamente as situações e sensações, como em algumas abordagens terapêuticas, mas sim de um instrumento que nos permite modificar as representações internas de uma pessoa, nos permite clarear pontos, completar mapas.

Nelly Beatriz M. P. Penteado – Psicóloga e Master Practitioner em PNL

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