Muitos executivos de outros países têm vindo trabalhar em empresas brasileiras. E a maioria deles se depara com uma grande dificuldade, que é entender a maneira como nós contamos o tempo no Brasil.

Uma pergunta simples é: “Quanto tempo vai demorar para o trabalho ficar pronto?”. Uma resposta como “12 minutos” nem passaria pela cabeça de um brasileiro. Porque nós somos muito mais criativos do que isso.

Portanto, a resposta mais usual é: “depende”. E no Brasil, depende é uma medida quântica, porque envolve várias incógnitas, e todas elas, desfavoráveis. Em algumas situações, depende pode até significar imediatamente. Mas esse tipo de resultado, até hoje, só foi conseguido com cobaias, em testes de laboratório.

Outra resposta é “já já”. Para quem ouve, já já pode parecer uma medida de tempo mais rápida do que já. Mas é o contrário. Já quer dizer agora. Já já quer dizer “assim que eu terminar o que estou fazendo, vou pensar a respeito”.

E tem também o “logo”. Logo quer dizer que uma providência pode levar entre 5 minutos e centenas de anos. Por exemplo, “logo chegaremos a Marte”.

Outra frase que confunde é na “semana que vem”. Como todas as semanas futuras cedo ou tarde virão, qualquer semana entre a próxima e a última do século 21 pode ser tecnicamente classificada como a semana que vem.

E tem também o “um minutinho”, que é um intervalo de tempo que nada tem a ver com 60 segundos e raramente leva menos que 20 minutos.

E finalmente há o “veja bem” e o “com certeza”. A diferença entre os dois é que o veja bem é um com certeza um pouco mais detalhado. Mas, no fundo, as duas expressões querem dizer a mesma coisa: ou seja, depende.

Como se vê, nós não somos um povo muito complicado. Nós até que nos entendemos muito bem. Quem vem de fora é que não compreende que “amanhã sem falta” significa “preciso de mais um dia para pensar numa boa desculpa”.

 

• O Melhor de Max Gehringer na CNB, vol. 1.

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