Uma forma de conhecer e lidar bem com os próprios sentimentos e com os sentimentos dos outros, resultando em vantagens na vida pessoal e profissional, é o conhecimento das inteligências racional e emocional.

INTELIGÊNCIA RACIONAL

Em 1905, os franceses Alfred Binet e Theodore Simon desenvolveram uma ferramenta que tinha como objetivo identificar, dentre estudantes, quais alunos estavam mais defasados em relação à aprendizagem. Através da aplicação de trabalhos com diferentes níveis de complexidade e com foco na capacidade de solucionar questões envolvendo lógica, este método foi o precursor do chamado Q.I., ou quociente de inteligência.

Em 1912, William Stern propôs o termo Q.I. para definir a razão entre a idade cronológica da criança (a idade real, em anos) e sua idade mental, ou seja, sua capacidade de solucionar questões lógicas. Se a capacidade estivesse acima do normal para a idade cronológica correspondente, a criança era considerada precoce. Se estivesse abaixo, sinalizava um retardamento no aprendizado.

O QI continua sendo uma forma de avaliar a inteligência humana, mas passou a ser criticado por considerar apenas alguns aspectos da inteligência, principalmente aqueles ligados a pensamentos lógicos, matemáticos e analíticos. Com a evolução da ciência, o conceito de inteligência também mudou, surgindo a chamada inteligência emocional.

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL

A primeira menção ao termo inteligência emocional foi feita por Wayne Payne em sua tese de doutorado, em 1985. Entretanto, Charles Darwin já havia abordado o conceito em sua obra, quando fala da importância da expressão emocional para a sobrevivência e a adaptação.

Mas foi em 1995, quando o psicólogo e PhD Daniel Goleman lançou o livro “Inteligência Emocional”, que o tema atraiu o interesse da mídia e passou a ser amplamente divulgado nos meios de comunicação.

Goleman partiu de uma pesquisa científica para afirmar que o controle das emoções contribui de forma essencial para o desenvolvimento da inteligência do indivíduo. Sua tese revela de qual forma a incapacidade de lidar com as próprias emoções pode dificultar nossa vida.

Goleman define inteligência emocional como:

…capacidade de identificar os nossos próprios sentimentos e os dos outros, de nos motivarmos e de gerir bem as emoções dentro de nós e nos nossos relacionamentos.

(Goleman, 1998)

O psicólogo defende que é o quociente de inteligência emocional (QE) o maior responsável pelo sucesso ou insucesso dos indivíduos e propõe uma divisão em cinco habilidades:

Habilidades intrapessoais (do indivíduo):

  • Autoconhecimento Emocional: reconhecer as próprias emoções e sentimentos quando ocorrem.
  • Controle Emocional: lidar com os próprios sentimentos, adequando-os a cada situação vivida.
  • Automotivação: dirigir as emoções a serviço de um objetivo ou realização pessoal.

Habilidades interpessoais (nas relações entre os indivíduos):

  • Reconhecimento de emoções em outras pessoas: empatia de sentimentos.
  • Habilidade em relacionamentos interpessoais: capacidade de interação com outros indivíduos, utilizando competências sociais.

Segundo Daniel Goleman, principalmente as habilidades interpessoais são fundamentais para profissionais em seus ambientes de trabalho, especialmente quando utilizadas com foco em:

  • Organização de Grupos: habilidade essencial da liderança, que envolve iniciativa e coordenação de esforços de um grupo, bem como a habilidade de obter do grupo o reconhecimento da liderança e uma cooperação espontânea.
  • Negociação de Soluções: característica do mediador, prevenindo e resolvendo conflitos.
  • Empatia: capacidade de, ao identificar e compreender os desejos e sentimentos dos indivíduos, reagir adequadamente de forma a canalizá-los ao interesse comum.
  • Sensibilidade Social: capacidade de detectar e identificar sentimentos e motivos das pessoas.

Segundo o psicólogo, são muitos os indícios que atestam que pessoas emocionalmente competentes, que conhecem e lidam bem com os próprios sentimentos e com os de outras pessoas, têm vantagens em qualquer campo da vida pessoal e profissional. Indivíduos com prática emocional desenvolvida têm mais probabilidade de sentirem-se satisfeitos e, consequentemente, serem eficientes. Aqueles que não conseguem exercer controle sobre sua vida emocional travam batalhas internas que sabotam sua capacidade de se concentrar no trabalho e pensar com clareza.

Para Goleman, a chave para a liderança está nos domínios da QE e não do QI. O psicólogo defende que liderança requer habilidades para persuadir e inspirar, enfatizar e articular sentimentos, o que é possível para alguém com inteligência emocional bem desenvolvida, mas não necessariamente é viável para quem tenha um alto QI.

QUANDO É MAIS INTERESSANTE USAR…

  • Inteligência Racional: Em problemas que dependam de uma solução lógica e quantitativa.
    • Ex: mapear o tamanho do Complexo de Tubarão a fim de definir quantas lixeiras serão instaladas para a coleta seletiva de lixo; mensurar quantos litros de água são economizados com a utilização do supressor de pó nas pelotas em vez de água.
  • Inteligência Emocional: Em problemas cuja solução dependa da capacidade de se relacionar e manifestar emoções e sentimentos, seus e do outro.
    • Ex: fazer um brainstorming para captar ideias sobre como educar o pessoal do Complexo para colaborar com a coleta seletiva; relacionamento da empresa com órgãos públicos e associações de moradores que culminou na assinatura do Termo de Compromisso Ambiental (TCA).

 

Maria Carolina Medeiros

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