Muitas empresas confundem os conceitos de gerente e de líder. Em verdade, ignoram as duas definições quando simplesmente trocam os títulos da função, acreditando que com esta nova vestimenta seus “Clark Kent” se transformarão automaticamente em super-homens. Este engano tem levado os dirigentes a amargos dissabores como o aumento das demissões voluntárias de seus principais talentos e promessas, invariavelmente acompanhadas de uma triste entrevista de desligamento onde é registrada uma fase lapidar para a empresa: “Não aguento mais trabalhar com o meu gestor”. Mas como trabalhar uma real transformação dos gerentes em líderes? Primeiramente é necessário conhecer os conceitos que envolvem estes dois perfis.

Warren Bennis e Burt Nanus, em seu livro Líderes: Estratégias para Assumir a Verdadeira Liderança, apontam claras distinções entre um líder e um gerente: “O líder opera sobre os recursos emocionais e espirituais da organização, sobre seus valores, comprometimento e aspirações. Em contraste, o gerente opera sobre os recursos físicos da organização, sobre seu capital, habilidades humanas, matérias-primas e tecnologia. Um gerente excelente pode providenciar para que este trabalho seja feito produtiva e eficientemente, seguindo-se o cronograma e com um alto nível de qualidade. Fica a cargo do líder efetivo ajudar as pessoas a sentirem orgulho e satisfação em seu trabalho, para que esta produtividade seja duradoura”.

Portanto, é fundamental observar que não existe gerente de pessoas, mas sim de atividades. As pessoas devem ser orientadas por um líder. Quando a empresa envia um gerente para realizar um treinamento sobre ferramentas de TI, logística empresarial ou práticas de vendas está desenvolvendo o seu gerente. Quando relutantemente permite que este participe de seminários sobre teorias de motivação, autoconhecimento, comunicação oral e escrita, trabalho em equipe ou poder na organização, está preparando um líder.

J. Kouzes e B. Posner, no livro O Desafio da Liderança, sugerem um perfil para o líder atual, ponderando que:

  • Os líderes desafiam o estabelecido: Eles buscam oportunidades para mudar o status quo”.
  • Os líderes inspiram uma visão compartilhada: Eles acreditam apaixonadamente que podem fazer diferença; eles imaginam o futuro, criando uma imagem ideal e singular do que a comunidade, o órgão governamental ou a organização pode vir a ser”.
  • Os líderes permitem que os outros ajam: Eles incentivam a colaboração e formam equipes afinadas; eles sabem que o que mantém os esforços extraordinários é o respeito mútuo; eles lutam para criar uma atmosfera de confiança e dignidade humana”.
  • Os líderes apontam o caminho: Eles criam padrões de excelência e dão o exemplo para que os outros sigam; eles estabelecem os valores de como os seguidores, colegas e clientes devem ser tratados”.

A preparação técnica de um gerente é importante e bem trabalhada hoje pelos responsáveis por Treinamento e Desenvolvimento nas empresas. Contudo, esta ginástica localizada está deixando nossos gerentes com braços, pernas e hemisfério esquerdo do cérebro, cada vez mais musculosos e saudáveis, mas com o coração e o hemisfério direito do cérebro cada vez mais atrofiados e doentes. Resta saber se isquemia arterial aguda acompanhada de esclerose múltipla será a causa de sua morte, causa mortis esta que na maior parte das vezes carrega junto à organização, ou se as empresas vão salvar o paciente incentivando-o a desenvolver seu quinhão de líder, que o fará muito mais saudável e útil à empresa, além de mais adequado aos tempos modernos. 

 

Instrutor Walter Gassenferth

Consultor associado da LCM Treinamento Empresarial Ltda 

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